O Vice-Almirante Gouveia e Melo vai suceder a Francisco Ramos como coordenador da task-force para o processo de vacinação contra a Covid-19, confirmaram os ministério da Saúde e da Defesa.

O militar já estava na equipa, em representação do Ministério da Defesa, onde era responsável pela área da logística e também dirigia a equipa de quatro militares que estava a ajudar os hospitais em Lisboa a gerir a resposta ao aumento exponencial da procura por causa da pandemia. Integra também a estrutura de monitorização do estado de emergência do Ministério da Defesa Nacional.

A sua escolha surge no contexto da demissão de Francisco Ramos, gestor hospitalar, na sequência de irregularidades no processo de vacinação no Hospital da Cruz Vermelha que dirige. E num momento em que a credibilidade do processo de vacinação em Portugal está seriamente abalada por dezenas de denúncias de irregularidades na administração de vacinas a pessoas que não fazem parte dos grupos prioritários definidos no plano nacional de vacinação.

Nas suas primeiras declarações como coordenador, Henrique Gouveia e Melo defendeu a necessidade de um maior controlo e fiscalização das vacinas dadas de forma indevida, uma situação que considerou lamentável.

“Claro que vamos apertar as regras. Vai haver um aperto do controlo e da consciencialização”, disse aos jornalistas na saída de uma reunião com membros do Ministério da Saúde, onde também assinalou a necessidade de haver uma “análise estatística”. Segundo o novo coordenador, neste momento apenas uma em cada 1000 vacinas é que o seu rastreamento “não foi completamente clarificado”.

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Formação de base? “Submarinista”

Com formação de base como “submarinista” – foi chefe da Esquadrilha de Submarinos, a qual integrou entre setembro de 1985 e até 1992 –, o vice-almirante tem um longo percurso no Ramo.

Henrique Gouveia e Melo, nascido em Moçambique em 1960, ingressou na Escola Naval em setembro 1979 e navegou nos submarinos Albacora, Barracuda e Delfim, exercendo diversas funções operacionais como oficial de guarnição e de comando.

Tem ainda vários cursos de especialização, entre os quais de comunicações e de guerra eletrónica, o que o torna uma autoridade na matéria no Ramo, sendo também especialista em informações.

Gouveia e Melo tinha sido nomeado adjunto para o Planeamento e Coordenação do Estado Maior General das Forças Armadas há pouco mais de um ano, e é apontado como um especialista nesta área. O militar de 60 anos teve a seu cargo o comando naval de Lisboa, para o qual foi nomeado em 2017. Exerceu ainda funções de Comandante da EUROMARFOR (a força marítima europeia).

Foi porta-voz da Marinha e, antes de ser chamado para o EMGFA, era, desde janeiro de 2017, Comandante Naval na Marinha e, antes disso, chefe de gabinete do então Chefe de Estado-Maior da Marinha, almirante Macieira Fragoso.