Quase 200 empresas do distrito de Aveiro declararam insolvência em 2020, o que representa um crescimento de 7,2% face ao ano anterior, segundo dados da Câmara de Comércio e Indústria do Distrito de Aveiro (AIDA CCI).
De acordo com o barómetro da AIDA CCI, a que a Lusa teve acesso sexta-feira, entre janeiro e dezembro de 2020, houve 193 empresas a pedir falência no distrito de Aveiro, mais 13 do que no ano anterior.
Este valor representa 8,5% dos processos de insolvência registados em todo o país.
No que respeita à distribuição geográfica, Aveiro continua a ocupar o quarto lugar entre os distritos com mais insolvências, tal como em 2019, atrás do Porto (582), Lisboa (488) e Braga (321).
Num ano marcado pela incerteza e pela instabilidade devido à pandemia de Covid-19, houve menos encerramentos e menos nascimentos de empresas no distrito de Aveiro.
De acordo com o barómetro da AIDA CCI, em 2020 fecharam 800 empresas, contra 1.112 em 2019, numa variação negativa de 28,1%, e a constituição de novas empresas recuou para as 1.805 entidades, menos 510 do que em 2019 (2.315), ou seja, menos 22%.
Por cada empresa que encerrou no distrito de Aveiro nasceram 2,3 novas entidades, um dos valores mais baixos de todo o país, sendo apenas superior ao do Funchal, onde houve 1,7 novas empresas por cada encerramento.
Apesar dos resultados negativos, o presidente da AIDA CCI, Fernando Castro, diz que esta evolução “está praticamente dentro do histórico do distrito”.
“De acordo com um inquérito que nós fizemos no ano passado, as empresas não tinham tido uma quebra muito significativa e tinham praticamente mantido o número de postos de trabalho. A percentagem de empresas que pretendiam encerrar também era muito pouca”, disse Fernando Castro.
Já relativamente às expectativas para este ano, o responsável diz que as empresas do distrito estão a sentir “uma quebra acentuada de encomendas e também uma dificuldade em obter determinadas matérias-primas”.
Fernando Castro referiu ainda que o custo das matérias-primas também tem estado a aumentar de forma constante, nomeadamente os metais ferrosos, o que “vai depois traduzir-se ou numa redução das margens ou na dificuldade de colocação dos produtos fabricados”.
Outra das consequências da pandemia de Covid-19 tem sido a “inconstância” da mão-de-obra, “ou por pessoas que ficam contaminadas ou pessoas que têm de ficar em casa para prestar assistência à família”, uma situação que, segundo Fernando Castro, “vai refletir-se em termos de produtividade”.
O presidente da AIDA CCI reconhece, por outro lado, que o acesso aos apoios do Governo “foi melhorado relativamente ao ano passado”, embora diga que os apoios “continuam a ser insuficientes” e que “há linhas de crédito que se têm esgotado muito rapidamente”.