Fernando Gomes exigiu esta quarta-feira o recomeço dos treinos da formação das modalidades desportivas e sublinhou que o setor, de uma forma geral, “não recebeu um cêntimo para combater um conjunto de despesas e acréscimo de custos de um processo pandémico que dura há quase um ano”. Numa intervenção na audição pública da Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, o presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) alertou ainda para a importância de uma “estratégia de retoma”.
“Uma das grandes preocupações tem a ver com a inatividade no seio do movimento associativo, nomeadamente nos escalões de formação. Estas Federações tiveram uma redução total de 65% dos atletas inscritos na formação masculina e feminina. Desses atletas inscritos, apenas 13% têm atividade desportiva. Significa isto que, ao nível da formação destas cinco Federações que têm cerca de 250 mil atletas inscritos em 2019/20, somente 14 mil, 6%, estão a praticar atividade desportiva”, começou por dizer Fernando Gomes, que falou em representação das Federações Portuguesas de futebol, andebol, patinagem, voleibol e basquetebol. “Não compreendemos esta situação de inatividade atendendo que existem vários países onde foi possível manter a atividade da formação, nomeadamente nos escalões de 10, 11 e 12 anos, onde foi provado que o nível de propagação é reduzido”, acrescentou o presidente da FPF, que deu o exemplo do futebol sénior, através da Primeira Liga, da Segunda Liga e do Campeonato de Portugal, que se mantêm em atividade e plena competição.
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“O Estado deve questionar-se sobre o porquê de não existir atividade de formação tendo como exemplo as atividades séniores do futebol que, seguindo orientação da DGS, contribuíram para a eliminação e propagação do vírus através de uma testagem massiva. O Estado deve questionar-se ainda sobre o que será mais perigoso para a propagação da doença: três mil espectadores num recinto fechado a assistir a um concerto ou três mil a assistir a um jogo de futebol num recinto aberto?”, questionou Fernando Gomes, tocando também na questão do regresso dos adeptos aos estádios, algo que não chegou a acontecer mesmo quando os números da pandemia eram mais baixos.
Na intervenção, o presidente da FPF exigiu então “a definição de uma estratégia de retoma através da organização de competições” e ainda a “indicação de uma data de referência para o início do treino sem restrições na formação”. “Exige-se ainda a clara identificação de fundos de apoio ao Desporto para salvar milhares de clubes, entidades e associações desportivas que, de outra forma, rapidamente vão desaparecer. Lembro que, em outubro, o Bloco de Esquerda apresentou um projeto à Assembleia da República, aprovado a 4 de dezembro, para a criação de um fundo de apoio ao Desporto. Este foi publicado em Diário da República a 5 de fevereiro e, até hoje, o Desporto na sua globalidade não recebeu um cêntimo para combater um conjunto de despesas e acréscimo de custos de um processo pandémico que dura há quase um ano. É tempo de agir”, terminou Fernando Gomes.