Portugal chegou a acordo com o grupo farmacêutico Zendal, da Galiza, e vai investir numa unidade para a produção das vacinas na zona industrial de Paredes de Coura, em Viana do Castelo. No Explicador da Rádio Observador, o secretário de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias, avançou que a fábrica já está em fase de construção e que fica pronta em dezembro de 2021.
A parceria com a farmacêutica espanhola é , para já, a única que resultou dos “vários contactos que Portugal fez com empresas que se colocaram no mercado de produção de vacinas”. A unidade em Paredes de Coura vai realizar o “enchimento, não só de vacinas contra a Covid-19, como de outras vacinas víricas” explica Eurico Brilhante Dias.
De acordo com o secretário de Estado da Internacionalização, em Portugal existem outras duas unidades capazes de fazer “o enchimento de vacinas e existem também empresas que continuam a explorar os princípios ativos para o tratamento da Covid-19.”
O país deve investir mais na pesquisa de antivirais para o tratamento da Covid-19
Para o investigador e imunologista António Coutinho a falta de vacinas é uma falha da indústria. O investigador defendeu no mesmo programa que no processo “a ciência portou-se bem e que quem se portou mal foi a indústria”. Uma falha que não tem explicação para António Coutinho, que afirma ser “surpreendente” que no séc. XXI a indústria seja mais atrasada que a ciência, tendo em conta que a diferença entre o investimento feito nas duas áreas é “abismal”.
Na Rádio Observador, António Coutinho defendeu ainda que o Estado deve investir mais na ciência, por ser quem “resolve o futuro”. O investigador acredita que para além da vacina o país deve investir mais na pesquisa de antivirais para o tratamento da Covid-19, acreditando que essa seria a solução “mais rápida” para o tratamento do vírus, um tratamento que o investigador chega a comparar com o que é feito ao HIV.
A par do investimento na ciência, o imunologista António Coutinho, realçou que Portugal deve “reforçar a capacidade de testagem à Covid-19” e propõe que os testes possam ser disponibilizados nas farmácias “à semelhança do que acontece com os testes de gravidez”.
Outra das possibilidades levantadas para o aumento da capacidade produção de vacinas é o registo de patentes. No entanto, o presidente do grupo português da Associação Internacional para a Proteção da Propriedade Intelectual considera que “nada vale ao Estado apropriar-se de uma patente, numa altura em que as farmacêuticas já estão a colaborar com a indústria para aumentar a produção dos fármacos”.
A apropriação de patentes é possível quando a saúde pública é uma das justificações, ainda assim, Gonçalo Sampaio acredita que “mesmo que o estado consiga uma patente, o problema de produção das vacinas fica por resolver”. O advogado defende que o foco deve estar “no investimento na produção das vacinas”.