A crise económica provocada pela pandemia está a deixar para trás muitas economias e agrava a situação dos mais pobres, afirmou hoje a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), apontando o acesso “desigual” às vacinas.

“Estimamos que, no final de 2022, o rendimento acumulado ‘per capita’ será 13% menor do que indicavam as projeções feitas antes da crise nas economias avançadas, em comparação com 18% para os países de baixos rendimentos e 22% para os países emergentes e em desenvolvimento, excluindo a China”, sublinhou Kristalina Georgieva numa nota publicada no blogue do FMI por ocasião de uma reunião virtual de ministros das Finanças e líderes de bancos centrais do G20.

A consequência direta será um aumento “de milhões” no número de pessoas extremamente pobres nos países em desenvolvimento, disse. A dirigente do FMI lembrou que antes da crise, o FMI previa uma redução na divergência de rendimentos entre as economias mais avançadas e 110 países emergentes e em desenvolvimento entre 2020 e 2022.

“Prevemos agora que apenas 52 economias irão recuperar durante este período, enquanto 58 devem ficar para trás”, acrescentou. Isso deve-se “em parte ao acesso desigual às vacinas” porque, mesmo nas melhores circunstâncias, a maioria das economias em desenvolvimento só devem ter cobertura generalizada de vacinas até ao fim de 2022 ou mesmo depois”, escreveu Georgieva.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Alguns países estão particularmente expostos, como os que dependem do turismo e das exportações de petróleo, mais afetados pela crise. “A maioria destes países tem limites devido a uma margem de manobra reduzida nos seus orçamentos”, segundo Kristalina Georgieva.

A líder do FMI não se manifestou apenas preocupada com o desvio entre países. “Constatamos também uma divergência acelerada dentro dos países: jovens, trabalhadores pouco qualificados, mulheres e trabalhadores informais foram afetados de forma desproporcional pela perda de empregos”, apontou. Georgieva lembrou ainda que milhões de crianças estão confrontadas com perturbações na educação. “Seria um erro imperdoável tornarem-se uma geração perdida”, considerou.

Neste contexto, Georgieva defendeu que devem continuar os esforços para pôr fim à crise sanitária, acelerando a vacinação, o que pode permitir aumentar em 9 biliões de dólares o rendimento mundial entre 2020 e 2025. Exortou também os países do G20 a manterem o apoio orçamental e a apoiarem os países mais vulneráveis, por exemplo, com alívios de dívida.