O professor auxiliar Pedro Cosme da Costa Vieira foi suspenso preventivamente, pelo período máximo de 90 dias, da Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP). Em causa está uma denúncia assinada por 129 alunos das Unidades Curriculares da Licenciatura em Ciência da Comunicação: Jornalismo, Assessoria e Multimédia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP) que condenam “muitas” atitudes do docente que “incitam ao ódio e constituem crimes de assédio e discriminação”.
De acordo com o jornal Público, a suspensão tem efeitos a partir do dia 25 de fevereiro e remete para os anos letivos 2018/2019 e 2019/2020. Esta não é a primeira vez que o professor auxiliar do Agrupamento Científico de Economia da Faculdade de Economia da Universidade do Porto fica um período sem dar aulas. Há cinco anos foi suspenso por 30 dias devido a “condutas relacionadas com a mesma temática”, segundo se lê no despacho da universidade.
A participação feito pelos alunos de Ciências da Comunicação descreve o “clima e comentários vividos nas aulas” daquele professor, que levou até vários alunos a abdicarem de frequentar as aulas devido ao “ambiente tóxico e discriminatório, pautado por recorrentes comentários sexistas, machistas, xenófobos, entre outros”. Entre os 12 exemplos apontados pelos alunos estão frases como: “As mulheres brasileiras são uma mercadoria”; “Sabem o que é uma caçadeira? Aquela arma que os homens usam para matar as mulheres”; “Qualquer dia a minha amiga Marta, do judo, que é ceguinha, vai chegar a casa grávida” ou “A instrutora [do judo] teve de me mandar lá para fora porque estava quase a saltar-lhe ao pacote.”
O professor Vasco Ribeiro admite, em entrevista ao jornal Público, que teve contacto com o caso através de reuniões da faculdade e considera que estes atos “consubstanciam um alegado crime”. “Na realidade, fui mero intermediário desta denúncia corajosa dos estudantes. Quando me contaram o que se passava nas aulas, eu pensei: ‘Isto é crime e extravasa a comissão de acompanhamento da faculdade’”, realça o docente. Vasco Ribeiro afirma que “uma universidade tem de ser um espaço de liberdade e humanismo profundo, pelo que os estudantes têm a liberdade de discordar”.
A Faculdade de Economia da Universidade do Porto considera que “é suficientemente clara a existência de matéria factual para instaurar o competente processo disciplinar ao professor (…) por estarem em causa, em abstrato, violação de deveres imputados aos trabalhadores (…), bem como outros que poderão ser apurados, sem prejuízo de eventual apuro em matéria criminal”. Além da suspensão, a universidade nomeou um instrutor que vai escrever um relatório e terminar as diligências instrutórias.