A direção de Josep Maria Bartomeu no Barcelona terá alegadamente transferido dados pessoais dos seus sócios à empresa I3 Ventures para com isso criar uma base cujo objetivo seria combater e antecipar eventuais candidatos da oposição ou críticos do conselho de administração. Segundo o La Vanguardia, estes dados pretendiam criar um registo que permitisse, com esta informação privada,  adaptar o diálogo do clube: mais favorável para os apoiantes e mais combativo para os críticos.

O jornal espanhol cita um relatório dos Mossos d’Esquadra que faz parte do mega processo Barçagate: “Alguém no comando do clube teria cedido os dados pessoais dos sócios do Barça” para “fins de propaganda privada e contra possíveis adversários ou críticos da gestão”, diz o boletim policial. O relatório incluiu as ações com as quais o grupo de empresas Nicestream — onde estava instalada a I3Ventures — pretendia “influenciar”, por conta de Bartomeu, o estado de opinião através de perfis criados nas redes sociais.

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O objetivo da criação da base de dados foi “identificar o perfil ideológico e político dos sócios” para medir a opinião pública e o barómetro eleitoral. No mesmo documento é dado um exemplo para combater o discurso de Jordi Roche de 2018, que na época soava como candidato à presidência do clube. Mais ainda: Entre os serviços de monitorização realizados, a pedido da direção de Bartomeu a esta empresa, está a construção de uma “lista negra” de jornalistas e comentadores favoráveis e críticos da direção.

Josep María Bartomeu decidiu contratar os serviços desta I3 Ventures a pedido da empresa Telampartners, que o avisou sobre a sua má reputação nas redes. Na altura, 86% dos comentários e conteúdos que circularam  em relação a Bartomeu eram negativos e era preciso mudar essa perceção. De acordo com a investigação, o Barça contratou várias empresas de Carlos Ibáñez (que é o responsável de I3 Ventures), algumas com sede na América do Sul. Mas “embora o clube tenha recebido relatórios sobre a monitorização das redes sociais vindo de várias empresas da América do Sul (Tantra Soft, Digital Side, IT Uruguai, Futuric, Coyote, Big Data Solutions, NSG Chile), os relatórios foram feitos nos escritórios da I3 Ventures de Barcelona pelos trabalhadores da I3 Ventures “, diz o relatório policial citado pelo jornal.

Os Mossos justificam a operação policial na qual foram detidos Josep Maria Bartomeu, Jaume Masferrer, Òscar Grau e Román Gómez Ponti por não terem informações que o clube recusou fornecer — só depois das buscas é que as obtiveram. Em causa estão faturas e contratos assinados com muitas empresas Nicestream, por exemplo. De acordo com a polícia, o Barça pagou 2,3 ​​milhões de euros ao grupo Nicestream ao longo das três temporadas.

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