A Web Summit vai vender o acesso à plataforma digital que criou para realizar o evento de dezembro de 2020, que foi exclusivamente online, ao Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Em comunicado, a organização do evento anuncia assim o seu “primeiro cliente de sempre”, mas deixa também a nota: quer contratar 50 novas pessoas em 2021 e, em novembro deste ano, volta “em pessoa” a Lisboa.

O software criado pelo evento fundado por Paddy Cosgrave foi inicialmente usado no Collision, a conferência-irmã da Web Summit que se realiza em Toronto, no Canadá. Devido à pandemia, a edição de 2020 do Collision teve de ser 100% online. Este software próprio, que foi depois usado em dezembro de 2021 para a primeira Web Summit à distância, foi criado pela organização do evento para colmatar “problemas de networking em eventos físicos”. Como a pandemia de Covid-19 baralhou as voltas também a este evento, a organização da conferência de tecnologia optou por melhorá-lo e usá-lo para manter os compromissos que tinha em 2020.

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Web Summit: retorno foi inferior ao que podia ter sido com evento híbrido

As Nações Unidas vão usar este software já no final deste mês, entre 23 e 25 de março, durante o Istanbul Innovation Days. Em 2020, esta plataforma digital criada pela empresa de Paddy Cosgrave permitiu que 32 mil pessoas participassem através de computadores ou smartphones no Collision, e 104 mil na Web Summit, diz a organização.

Isto é um marco para a Web Summit. Aceitámos fazer um evento em março para a PNUD na nossa plataforma. Não podemos imaginar ter um primeiro cliente melhor. Tem sido uma jornada longa, e temo-la feito com calma, aperfeiçoando o software ao longo dos anos”, diz Paddy Cosgrave em comunicado.

O responsável da Web Summit afirma que “não tem pressa para novos clientes”. Contudo, adianta que espera ter parcerias com “outros grandes eventos” já em 2022. Para isso, conta contratar mais 50 funcionários para os “escritório de Dublin, Lisboa, Toronto e São Francisco” como também “para novos mercado para os quais quer expandir em 2022”.

Este ano, como tantas outras coisas nas nossas vidas, levámos o Innovation Days para o [formato] online. No entanto, ao usar o software avançado da Web Summit, essa decisão já não parece ter tantas desvantagens — verdade seja dita, as nossa audiência vai ser, provavelmente, mais global e diversificada do que nunca simplesmente porque [o evento] vai ser acessível de qualquer sítio”, afirmou Robert Opp, diretor para o digital do PNUD.

Em fevereiro, Paddy Cosgrave disse no Twitter que ia fechar “possivelmente o melhor acordo de sempre” na “curta história” da Web Summit. Na mesma publicação, o responsável pelo evento disse que ia dar mais notícias sobre esse acordo em março . Como avançou o Eco no mesmo mês, Cosgrave descartou rumores que a publicação que fez no Twitter criou sobre o evento poder sair de Portugal. Em declarações ao mesmo jornal, afirmou: “Estamos comprometidos com Lisboa. E já começámos a trabalhar com parceiros no terreno, a trabalhar em desenho de palcos e muito mais, a pensar em novembro”.

Web Summit vai decorrer exclusivamente online em 2020

Depois de bastante suspense, e devido à pandemia, a Web Summit anunciou em outubro de 2020 que o evento desse ano ia decorrer 100% online. Porém, foi adiado cerca de um mês, tendo decorrido em dezembro. A Web Summit realiza-se tradicionalmente no Parque das Nações, na FIL (Feira Internacional de Lisboa) e no Altice Arena. Em 2020, o evento tinha data marcada para 2 a 5 de novembro, mas foi adiado devido à pandemia de Covid-19.

Em 2020, as conferências foram transmitidas online a partir de um estúdio no Altice Arena, bem como a partir de outros estúdios colocados em diferentes cidades do país, tendo sido as conferências pré-gravadas ou transmitidas em direto. Além disso, a Web Summit aproveitou o formato online para testar outros formatos como o Mingle, um espaço digital para videochamadas rápidas para tentar colmatar a ausência de um evento físico.

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Em 2018, foi assinado um contrato de 10 anos com a CML e o Governo que implica um investimento público de 110 milhões de euros ao todo, o que perfaz 11 milhões de euros por ano. Quanto a este pagamento ter sido feito mesmo com uma edição que foi apenas online, Paddy Cosgrave disse, em dezembro de 2020, que esse era um tema político e que não se queria envolver. Na mesma apresentação de 2018, foi revelado que a FIL teria de se comprometer com obras até 2022, para duplicar a capacidade das exposições e responder às ambições de crescimento da Web Summit.

Em novembro de 2020, a Web Summit anunciou que pretende replicar o evento em mais cidades além de Toronto. Este ano, a organização vai ter uma nova conferência no Rio de Janeiro o Porto Alegre, no Brasil, de acordo com um questionário que Paddy Cosgrave fez aos seus seguidores através das redes sociais. Além disso, na última edição da Web Summit o responsável anunciou uma terceira Web Summit em 2022, em Tóquio, no Japão.

*Título e primeira frase do artigos alterados às 15h56 de 11 de março de 2021. “Web Summit vende à ONU software que criou para edição online em Portugal” substituído por “ONU vai usar o software da Web Summit. É o primeiro cliente da empresa de Paddy Cosgrave” para clarificar que a empresa de Paddy Cosgrave ainda detém a plataforma que criou, sendo agora a PNUD um cliente utilizador desse software.