O Fundo Soberano Russo, proprietário da vacina contra a Covid-19 Sputnik V, anunciou, esta segunda-feira, ter feito acordos de produção “com empresas da Itália, Espanha, França e Alemanha” enquanto aguarda pela aprovação do medicamento na União Europeia.
“Existem atualmente outras negociações em andamento para aumentar a produção na UE. Isso vai permitir que o fornecimento da Sputnik V ao mercado único europeu comece assim que a Agência Europeia de Medicamentos (EMA, na sigla em inglês) a aprovar”, disse o presidente do Fundo, Kirill Dmitriev. O responsável, que financiou o desenvolvimento da vacina, não indicou o nome dos grupos europeus com os quais foram firmados acordos.
No dia 9 de março, foi anunciado um primeiro acordo em Itália, com a farmacêutica italo-suíça Adienne, que produzirá a vacina na Lombardia.
A Sputnik V ainda não está autorizada na União Europeia, mas já deu um passo nesse sentido apresentando o pedido que deu início à sua análise pela EMA. Após o anúncio de que a agência europeia ia iniciar o processo, as autoridades russas disseram que estariam prontas para fornecer vacinas a 50 milhões de europeus a partir de junho.
Dmitriev acrescentou que a Rússia também está pronta para “iniciar o fornecimento de países da UE que autorizem a Sputnik V independentemente” da EMA, como já fez a Hungria.
Segundo Kiril Dmitriev, a Rússia já vacinou 3,5 milhões de pessoas com as duas doses da Sputnik V, sendo que “nenhum outro país europeu vacinou totalmente [com duas doses] sequer três milhões de pessoas”.
Dimítriev garantiu que a Rússia está, em conjunto com a China, os Estados Unidos, a Índia e Israel, entre os cinco países que imunizaram totalmente mais pessoas. No início deste mês, o Presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que mais de quatro milhões de pessoas tinham recebido pelo menos a primeira dose desta vacina. Posteriormente, a vice-primeira-ministra, Tatiana Gólikova, responsável pela luta contra a pandemia do coronavírus na Rússia, especificou que 2,5 milhões de russos haviam sido vacinados com as duas doses.
A Rússia iniciou a campanha de imunização em massa em janeiro, contando, atualmente, com três vacinas: a Sputnik V, a EpiVacCorona e a CoviVac. Os cientistas russos também começaram já a fazer testes clínicos da Sputnik Light, uma vacina de dose única com eficácia estimada em 85%.
Gólikova já tinha anunciado que no primeiro semestre a Rússia pretendia fabricar 88 milhões de doses de vacinas contra o coronavírus, 83 milhões das quais da Sputnik V.
A Agência Europeia de Medicamentos deu início ao processo de avaliação da vacina russa no início de março, etapa que deve levar a uma licença para o seu uso no território da União Europeia.
O Fundo Russo de Investimento Direto fechou contratos com uma dezena de laboratórios farmacêuticos do Brasil, China, Irão, Sérvia e Coreia do Sul para a produção, fora da Rússia, de cerca de 1,4 mil milhões de doses.
Apresentada no verão de 2020, a Sputnik V foi inicialmente recebida com ceticismo, mas já convenceu cerca de 50 países, sobretudo depois de a sua credibilidade ter sido validada em fevereiro pela revista científica The Lancet. O desenvolvimento da vacina foi confiado a instituições estatais e é considerado por Moscovo como um sucesso histórico da Rússia.
A escolha do nome também é altamente simbólica, já que visa fazer uma homenagem ao primeiro satélite colocado em órbita em pela URSS, 1957, lembrando o feito científico, mas também o revés histórico para o rival norte-americano.
O número de infeções na Rússia aumentou nas últimas 24 horas, com 9.437 novos casos detetados, sendo que, no total, já foram contabilizados 4,4 milhões de casos do novo coronavírus no país, dos quais 92.494 morreram.