Várias associações de defesa dos direitos das pessoas com deficiência voltaram esta segunda-feira a pedir à ministra da Saúde para serem considerados prioritários na vacinação contra a Covid-19, depois de um primeiro apelo ter ficado sem resposta.
Por e-mail, mais de 70 organizações perguntaram a Marta Temido “que pessoas com deficiência vão ser vacinadas na primeira e na segunda fase?”, querendo igualmente saber se “os seus cuidadores também vão ser vacinados” e quando é que isso irá acontecer.
No texto, assinado por Jorge Falcato, em representação da associação Centro de Vida Independente, as associações começam por “lamentar não ter havido qualquer resposta à comunicação que mais de 70 organizações de e para pessoas com deficiência” dirigiram à ministra da Saúde em 15 de fevereiro “solicitando a alteração do Plano Nacional de Vacinação Covid-19”.
Lembram que no primeiro dia de março, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, anunciou que as pessoas com trissomia 21 iriam fazer parte dos grupos prioritários para a vacinação contra a covid-19 e disse estar disponível para analisar outros grupos que fossem sendo propostos.
Salientam igualmente que, três dias depois, a secretária de Estado para a Inclusão das Pessoas com Deficiência, Ana Sofia Antunes, admitiu haver outros casos de deficiências que seriam justificáveis para serem considerados prioritários e que esse trabalho estaria a ser feito com o Ministério da Saúde, tendo enumerado as paralisias cerebrais, as lesões vertebromedulares ou as pessoas com deficiência intelectual.
As associações destacam ainda que 5.515 pessoas já assinaram uma petição pela “prioridade das pessoas com deficiência na vacinação contra a Covid-19”, pelo que “também querem saber quando se concretizam as declarações proferidas quer pela diretora-geral da Saúde, quer pela secretária de Estado para a Inclusão das Pessoas com Deficiência”.
A Lusa contactou o Ministério da Saúde e aguarda uma resposta por parte do gabinete da ministra Marta Temido.
Em meados de fevereiro, estas mais de 70 organizações fizeram o mesmo apelo junto do presidente da República e do primeiro-ministro, bem como do presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, da ministra da Saúde, Marta Temido, da secretária de Estado para a Inclusão das Pessoas com Deficiência, Ana Sofia Antunes, da diretora-geral da Saúde, Graça Freitas e do coordenador da ‘task force’ para o plano de vacinação em Portugal, vice-almirante Henrique Gouveia e Melo.
Na carta, as mais de 70 organizações alertaram que as pessoas com deficiência correm maior risco de contrair Covid-19, tendo em conta as condições de saúde e o contacto próximo com os seus cuidadores, e de desenvolver sintomas mais graves da doença, defendendo que estas pessoas “não podem ficar esquecidas”.
Defendiam também que as pessoas com deficiência e os seus cuidadores tenham acesso prioritário à vacinação, incluindo assistentes pessoais, cuidadores familiares e pessoas que trabalhem em serviços relacionados com a deficiência.
Queriam que fossem incluídas todas as pessoas com deficiência, independentemente da idade, que tenham uma das patologias já definidas, pessoas com deficiência intelectual ou psicossocial, pessoas autistas (que estão dispensadas do uso de máscara), bem como os cuidadores destas pessoas.
Na carta enviada, era também defendido que a segunda fase de vacinação fosse alargada às restantes pessoas com deficiência e que os locais de vacinação sejam facilmente acessíveis, além de pedirem programas específicos de transporte quando necessário ou orientações e assistência personalizada para quem precise.