O degelo no Ártico e os seus efeitos no resto do mundo são o tema do encontro anual Arctic Science Summit Week, que Portugal organiza e que entra esta quarta-feira na sua parte científica.

O comissário do encontro, João Canário, disse à agência Lusa que o degelo é incontornável como tema do encontro, cujo mote é “Alterações regionais, impactos globais”, o que vale mesmo para um país com “tradições atlânticas” como Portugal.

Tudo o que se passa no Atlântico é afetado pelo que se passa no Ártico. E o que se passa é que [o Ártico] está a aquecer ao dobro do ritmo do resto do planeta, no que se chama amplificação ártica e que implica o desaparecimento do gelo marinho num oceano que tem cada vez menos gelo. 2020 foi o segundo ano em que houve menos gelo no mar”, indicou.

João Canário notou que o que se passa no oceano “tem reflexos em terra”.

“Toda esta redução da área de gelo marinho e terrestre tem profunda influência nos ecossistemas. E tem também efeitos socio-económicos”, destacou, afirmando que em torno do oceano há “pessoas, há estradas que estão construídas em solo gelado e que acabam por colapsar se a temperatura aumenta”.

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Com o desaparecimento do gelo, seguem-se efeitos na erosão da costa, que também “afeta biodiversidade e afeta pessoas”, referiu.

“Eu vejo quando lá vou. Não há nenhum ano igual ao outro. Ou há menos neve ou mais neve e menos gelo”, ilustrou.

O ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior abre oficialmente a porção científica do encontro, depois de uma série de reuniões de trabalho que já decorrem desde sexta-feira passada.

Na abertura do encontro científico, que termina no dia 26, a perspetiva do povo Inuit será o centro da intervenção de Sheila Watt-Cloutier e a astrobióloga Zita Martins falará do Ártico como um cenário de estudo para a deteção de sinais de vida nas luas geladas do Sistema Solar.