O prolongamento das negociações com a Comissão Europeia sobre o plano de reestruturação da TAP, está a atrasar a entrada em funções da nova administração da empresa, admitiu o ministro das Infraestruturas no Parlamento.

Para Pedro Nuno Santos sempre esteve claro que a nova administração só entraria quando o plano estivesse aprovado. O que mudou foi que as negociações com Bruxelas estão a prolongar-se para além do inicialmente previsto pelo Governo (primeiro trimestre), podendo só ficar concluídas em maio e isso atrasa a entrada da nova gestão da TAP, afirmou.

O ministro admitiu ainda que o novo presidente executivo, a proposta entregue ao Governo indica um gestor alemão, virá com equipa própria, mas que pode contar com portugueses e deixou a garantia de que o novo CEO vai ganhar menos do que Antonoaldo Neves, gestor escolhido por David Neeleman para liderar a TAP desde a privatização de 2015. O gestor brasileiro tinha uma remuneração fixa mensal de 45 mil euros brutos, à qual acresciam despesas cobertas com habitação e educação dos filhos em Portugal no montante de 14 mil euros. Nunca chegou a receber prémios de gestão.

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Pedro Nuno Santos afastou a ideia suscitada pelo PSD de que a TAP não tenha uma equipa de administração capaz para assegurar a sua gestão neste momento, elogiando Ramiro Sequeira que qualificou de “excelente CEO. A pergunta foi colocada pelo deputado Cristóvão Norte, que confrontou o ministro das Infraestruturas com a demora neste processo colocando a pergunta. “Como subsiste uma empresa à qual vão entregar até 4.000 milhões com apenas dois gestores executivos?”

Demissões ameaçam deixar TAP sem o número mínimo de gestores previsto nos estatutos

A administração da TAP tem sido enfraquecida pela demissão de vários administradores, entre executivos e e não executivos. O novo presidente executivo já foi proposto ao Governo na sequência do processo de seleção internacional lançado depois de o Estado ter tomado o controlo da companhia no verão e da demissão de Antonoaldo Neves. No entanto, ainda não está agendada uma assembleia para eleger os novos órgãos sociais e pelo menos dois administradores não executivos — Lacerda Machado e Esmeralda Dourado — informaram que vão sair no final do mês, depois das contas de 2020 aprovadas.

Apesar de já se conhecer o nome proposto para presidente executivo — Albrecht Binderberger, ex-CEO da Saudi Arabian Airlines — ainda não se sabe se Miguel Frasquilho será reconduzido como presidente não executivo.

O ministro garantiu contudo que não se está à espera de Bruxelas para implementar as medidas do plano de reestruturação, sinalizando os acordos obtidos com todos os sindicatos para reduzir os custos, e ao abrigo do qual estão a ser propostas rescisões e outras medidas voluntárias cujo prazo termina esta quarta-feira.

Nuno Santos defendeu ainda o plano de reestruturação da TAP e a importância de a companhia estar preparada para retoma, reafirmando o que Frasquilho disse no Parlamento: o retorno para a economia será muito superior ao valor da ajuda do Estado.

Apesar do tema ter sido já muito debatido numa audição de manhã, a Groundforce voltou a suscitar perguntas, com Pedro Nuno Santos a admitir que a TAP poderá repensar a sua posição acionista na empresa de handling no quadro de uma solução estrutural para a empresa.