Portugal juntou-se esta quinta-feira à lista de países que limitará a administração da vacina da AstraZeneca/Universidade de Oxford em função da idade — por cá, foi suspensa em menores de 60 anos.
A decisão chega um dia depois de a Agência Europeia do Medicamento ter anunciado que havia descoberto uma associação entre a vacina e o surgimento de coágulos sanguíneos com baixo teor de plaquetas em circulação — um fenómeno que parece ser mais comum em pessoas com menos de 60 anos, sobretudo do sexo feminino, mas o motivo continua por explicar.
O mapa com as decisões que têm vindo a ser anunciadas pelos países pode ser consultado aqui em baixo. A infografia estará em atualização e vai ser completado sempre que mais países tomarem posições relacionadas com a vacina da AstraZeneca.
Desde quarta-feira que vários países impuseram obstáculos à vacinação com a AstraZeneca, precisamente à luz das novidades vindas das entidades reguladoras. Em Espanha, onde já a região de Castela e Leão tinha suspendido a administração da vacina, as autoridades de saúde anunciaram que ela só podia ser utilizada em pessoas com mais de 60 anos até aos 65. Esta quinta-feira, a vacinação com a AstraZeneca foi ampliada a toda a faixa etária dos 60 anos até aos 69. Em Itália, não se recomenda (embora também não se proíba) que as pessoas abaixo dos 60 anos tomem a vacina da AstraZeneca.
A Bélgica, que até aqui não colocava qualquer limitação à utilização desta vacina (mesmo quando muitos países proibiam a sua administração nas faixas etárias mais avançadas por entenderem que não havia dados científicos suficientes para assegurar a eficácia) também restringiu a utilização da vacina: durante pelo menos um mês, o imunizante só pode ser dado a quem tenha mais de 55 anos. França já segue este princípio desde o fim de março, numa altura em que muitos país ainda proibiam a vacina aos mais velhos.
No Reino Unido, sede da AstraZeneca, os cientistas que fazem assessoria às autoridades de saúde sugeriram que quem tenha menos de 30 anos receba uma vacina de outra farmacêutica — a da AstraZeneca só seria administrada se não houvesse mais nenhuma disponível. Só três dos 79 eventos tromboembólicos registados no Reino Unido tinha essa idade, mas os especialistas entendem que, enquanto nos mais velhos o benefício de a tomar supera o risco, nos mais novos “o equilíbrio é mais delicado”.
Além de França, outros países não esperaram por quarta-feira para tomar medidas. Na Alemanha, decidiu-se a 30 de março que a vacina só vai ser administrada a pessoas com mais de 60 anos; e mesmo quem já recebeu a primeira dose da farmacêutica britânica terá de tomar a segunda de outra marca. Os cientistas argumentam que os dados evidenciam que, para as mulheres com 20 a 59 anos, o número de eventos tromboembólicos é 20 vezes maior que o normal. Os Países Baixos tomaram a mesma decisão três dias mais tarde.
Na Finlândia, onde a administração da vacina da AstraZeneca esteve suspensa, esta recomeçou a ser utilizada a 29 de março, mas só em pessoas com mais de 65 anos — tal como aconteceu na Suécia. Fora da Europa, nas Filipinas as autoridade de saúde anunciaram já esta quinta-feira que a vacina britânica estaria suspensa para quaisquer indivíduos com menos de 60 anos enquanto o país analisa se existem casos de coagulação sanguínea nos vacinados. O Canadá já tinha suspendido a vacina da AstraZeneca em menores de 55 anos no fim de março.
Há dois países que não estão a administrar a vacina da farmacêutica britânica, independentemente da idade: a Dinamarca e a Noruega. Após o surgimento dos primeiros episódios de coagulação, muitos países suspenderam temporariamente a administração da vacina da AstraZeneca, mas a maioria levantou a proibição quando a Agência Europeia do Medicamento anunciou que não havia encontrado nenhuma associação da vacina com a doença e que tomá-la continuava a ser melhor do que não recebê-la. Dinamarca e Noruega nunca recuaram.