As autoridades timorenses reviram em baixa e reclassificaram as vítimas das cheias que assolaram Timor-Leste, passando a identificar até ao momento 26 mortos e 11 desaparecidos, informou a Proteção Civil. A alteração, do balanço anterior de 42 mortos, aponta agora 13 mortos em Díli e dois desaparecidos, e 13 mortos e nove desaparecidos noutros municípios, segundo os dados a que a Lusa teve acesso.
Inicialmente as autoridades timorenses tinham anunciado um total de 42 vítimas mortais, mas a informação foi agora “clarificada”, sendo alterados os critérios de contagem.
A decisão inicial de classificar desaparecidos como mortos, que suscitou algumas críticas, foi assim agora corrigida. No caso de Díli, há três mortos e um desaparecido na zona de Hera, um morto em Vila Verde, oito óbitos e um desaparecido em Comoro e uma vítima mortal em Fatuhada.
Em Ainaro há registo de seis óbitos e quatro desaparecidos, em Aileu de dois desaparecidos, em Liquiçá de um morto, em Manatuto de duas vítimas mortais e três desaparecidos e em Viqueque de quatro mortos. A Componente Naval das Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL) e a Unidade de Polícia Marítima da Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL) estão a ajudar nas buscas dos desaparecidos.
Nos últimos dias as autoridades timorenses têm vindo igualmente a reduzir o número de locais de alojamento temporário, existindo atualmente 38, sendo que este total pode ainda baixar nos próximos dias. O último balanço dá conta de 2.455 famílias e 13.963 pessoas desalojadas. Fora de Díli, o balanço provisório aponta para que haja mais de 1.700 famílias desalojadas, muitas delas ainda sem qualquer apoio, dadas as dificuldades de acesso a várias zonas.
As autoridades timorenses começaram a distribuir ajuda nos vários locais da cidade, para permitir que progressivamente as pessoas regressem às casas, permitindo assim reduzir a pressão sobre os locais de acolhimento que, em muitos casos, não têm condições. Nos próximos dias deverá iniciar-se a distribuição de material de construção e limpeza para que possam arrancar as operações de recuperação e reconstrução.
As autoridades timorenses sublinharam que os números de deslocados nestes espaços sofre variações, já que muitos dos deslocados utilizam os locais de acolhimento particularmente nas refeições e para dormir, estando o resto do dia a trabalhar na limpeza das suas casas. Durante a semana, várias organizações não-governamentais, empresas de restauração e outras entidades, multiplicaram-se para entregar diariamente milhares de refeições quentes, bem com outros bens essenciais. Ainda assim, várias dessas operações, essencialmente geridas por voluntários e com doações privadas, estão a começar a fechar ou a ter que reduzir as suas operações, devido à falta de meios e apoios.
Campanhas de entrega têm decorrido em vários locais, mas fontes do Governo admitem haver alguma descoordenação entre entidades, incluindo a Proteção Civil, o Ministério da Administração Estatal e o Ministério da Solidariedade Social e Inclusão. Parte do problema deve-se ao facto do quadro legal e estruturas da Proteção Civil não estarem ainda adequadamente regulamentados, incluindo a própria lei orgânica que está à espera de aprovação há vários meses no Conselho de Ministros.
Entre outras medidas em curso, o Ministério da Saúde já tem equipas de saúde móveis em todos os centros de acolhimento. Um dos maiores desafios tem a ver com operações de fornecimento de água potável, dada a limitação de tanques necessários para cobrir toda a cidade de Díli, Hera, Metinaro e os campos de deslocados.
Equipas da Eletricidade de Timor-Leste (EDTL) estão também no terreno desde segunda-feira a procurar normalizar o fornecimento em vários locais, alguns sem energia há quase uma semana. Operações de limpeza do leito das ribeiras continuam igualmente a decorrer.