A Autoridade do Canal do Suez (SCA) exigiu uma indemnização de 916 milhões de dólares (767 milhões de euros) aos proprietários do porta-contentores “Ever Given” para libertar o navio, indicou esta terça-feira a seguradora britânica UK P&I Club.

O navio, de 400 metros e com uma capacidade de 200.000 toneladas, bloqueou a circulação no Canal do Suez depois de encalhar e ter-se atravessado em 23 de março, até que se conseguiu rebocá-lo, após várias tentativas, seis dias depois.

As imagens que ajudam a perceber o impacto do bloqueio no Canal do Suez

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O Tribunal Económico de Ismaília, capital da província homónima na margem ocidental do Canal de Suez, aproximadamente a meio caminho em Porto Said, ao norte, e Suez, ao sul, ordenou esta terça-feira a retenção do navio, que se encontra à guarda das autoridades egípcias desde o fim do bloqueio que causou quando cruzava o Canal de Suez no final de março.

Num comunicado, a seguradora britânica diz “lamentar” a decisão das autoridades egípcias de arrestar o navio até ao pagamento da indemnização.

A UK P&I Club indicou que a Autoridade do Canal do Suez “não avançou uma justificação pormenorizada” para o pagamento da indemnização, que inclui uma rubrica de 300 milhões de dólares (251 milhões de euros) por “danos reputacionais” e outro montante idêntico pelo a título de “bónus de salvamento”, não avançando as razões para o valor em falta (316 milhões de dólares — 265 milhões de euros)

“Apesar da magnitude da reclamação, que em grande parte não tem suporte, os proprietários e as suas seguradoras têm negociado de boa-fé com a SCA”, disse a empresa.

Em 12 de abril, referiu, a seguradora fez uma “oferta generosa e cuidadosamente estudada”, razão pela qual a decisão da autoridade do canal de reter o navio constitui uma “deceção”.

Também estamos dececionados com os comentários feitos pela SCA de que o navio ficará retido no Egito até que seja paga a indemnização e que a tripulação não poderá sair durante esse período”, acrescentou.

A seguradora destaca na nota que o bloqueio do canal não gerou “contaminação” nas águas nem causou feridos, realçando que, quando ocorreu o acidente, o navio estava “em pleno funcionamento, sem defeitos nas máquinas ou no equipamento”.

A decisão do tribunal, segundo a Autoridade do Canal do Suez, é uma “decisão oficial e um mero procedimento legal” que permite legalizar a retenção do navio, que se encontra atracado na zona do Grande Lago no ponto intermédio da infraestrutura, onde foi submetido a inspeções técnicas para comprovar que não sofreu danos.

Inicialmente, estava previsto que o porta-contentores retomasse o caminho rumo a Roterdão (Países Baixos), mas acabou apresado no Egito.

Numa primeira estimativa após o incidente, a Autoridade do Canal de Suez calculou perdas entre 12 e 15 milhões de dólares (entre 10 e 12,8 milhões de euros) por cada dia que o “Ever Given” bloqueou a passagem marítima, gerando um grande engarrafamento.

Mais de 400 embarcações de diferentes tipos chegaram a acumular-se no Mar Vermelho e no Mar Mediterrâneo a aguardar a possibilidade de atravessar o canal, por onde passa mais de 10% do comércio marítimo mundial.