O ministro da Defesa de Moçambique, Jaime Neto, disse esta quinta-feira que o ataque à vila de Palma não coloca em causa o projeto de exploração de gás natural liderado pela petrolífera Total em Afungi, na província de Cabo Delgado.

Nós acreditamos que o projeto de gás não está ameaçado e vai continuar porque as Forças de Defesa e Segurança estão a fazer tudo para garantir a segurança daquela região e de outras partes do país”, declarou Jaime Neto, à margem da inauguração de uma padaria no quartel do Serviço Cívico de Moçambique em Maputo.

A vila de Palma, a cerca de seis quilómetros do projeto de gás natural da multinacional Total, sofreu um ataque armado em 24 de março, que as autoridades moçambicanas dizem ter resultado na morte de dezenas de pessoas, destruição de várias infraestruturas e na fuga de centenas.

Segundo Jaime Neto, as forças governamentais estão no terreno e desdobram-se para garantir a segurança necessária para que os serviços do Estado voltem a funcionar.

Neste momento, a nossa força está presente em todos os lugares de instabilidade e a trabalhar no sentido de defender o nosso país e os nossos cidadãos”, acrescentou o governante.

Segundo o mais recente relatório da Organização Internacional das Migrações (OIM), um total de 18.661 pessoas, quase metade crianças, fugiram de Palma na sequência do ataque , refugiando-se nos distritos de Nangade, Montepuez, Mueda e Pemba (a capital provincial).

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Após o ataque à vila de Palma, a petrolífera Total retirou o resto do pessoal que mantinha no projeto de gás no norte de Moçambique. O ataque de 24 de março contrariou o anúncio de retoma gradual das obras, após uma primeira retirada de pessoal em janeiro, na sequência de um outro ataque nas proximidades.

Avaliado entre 20 e 25 mil milhões de euros, o megaprojeto de extração de gás da Total é o maior investimento privado em curso em África, suportado por diversas instituições financeiras internacionais e prevê a construção de unidades industriais e uma nova cidade entre Palma e a península de Afungi. A primeira exportação de gás liquefeito está prevista para 2024.

A violência em distritos mais a norte da província de Cabo Delgado começou há três anos e está a provocar uma crise humanitária com quase 700 mil deslocados, segundo agências da Organização das Nações Unidas (ONU), e mais de duas mil mortes, segundo uma contabilidade feita pela Lusa.