O impasse sobre a candidatura do PS à Câmara Municipal do Porto, que começou por contar com dois nomes dados como prováveis, pode acabar por se resolver afinal com uma terceira via. Pelo menos essa é a vontade da concelhia, que em duas reuniões, na tarde e noite de quinta-feira, se pronunciou “praticamente por unanimidade” a favor do nome de Tiago Barbosa Ribeiro, deputado e presidente da estrutura local.
Segundo a informação apurada pelo Observador junto de várias fontes do PS Porto que marcaram presença nas reuniões, que juntaram dirigentes locais (secretários coordenadores e membros do secretariado da concelhia), a opinião transmitida por cerca de duas dezenas de dirigentes terá sido afirmada quase em uníssono: Tiago Barbosa Ribeiro, que até agora não esclareceu se tem vontade de avançar para uma candidatura à câmara do Porto, será “a melhor escolha”, a “escolha natural” ou “a primeira alternativa”, expressões usadas por três fontes presentes nas reuniões.
Em cima da mesa, e de acordo com sucessivas notícias, têm estado outros dois nomes: Manuel Pizarro, que é atualmente vereador e também eurodeputado do PS, e José Luís Carneiro, secretário-geral adjunto do partido. As fontes locais são rápidas a excluir o nome de Carneiro, argumentando que o nº2 do PS não tem um vínculo forte o suficiente à cidade e à população para avançar com uma candidatura, apesar de estar disponível para isso.
Por outro lado, Pizarro reúne muitas simpatias, mas com pouca convicção de que tenha condições para avançar, sobretudo por já trazer no currículo duas derrotas seguidas em corridas à Câmara do Porto. O próprio tinha, há semanas, em entrevista ao programa da Vichyssoise, da rádio Observador, admitido que embora se considerasse “sempre” uma opção para a autarquia esse seria um fator a ter em conta: “Essa é uma avaliação que uma parte das pessoas fazem e estamos também a ponderar”, assumia. São várias as fontes locais que, assumindo a importância do trabalho feito por Pizarro no Porto, lembram que ainda em 2019 abraçou uma nova tarefa ao serviço do partido, ao ser eleito eurodeputado.
Manuel Pizarro. “Nunca deixarei de ser opção para a Câmara do Porto”
A isto junta-se, na cabeça das estruturas locais, outro fator: ninguém tem grandes esperanças de ganhar a autarquia, que parece destinada a continuar nas mãos do independente Rui Moreira (na mesma entrevista, Pizarro reconhecia: “O mais provável vencedor é o atual presidente da Câmara”). Por isso mesmo, a escolha pode passar sobretudo por um projeto que possa ter hipóteses de vencer não agora, mas nas próximas autárquicas, em 2025. E nesse caso, Barbosa Ribeiro, que é mais novo do que os outros candidatos a candidatos — tem 38 anos — e tem um percurso mais curto, sendo atualmente coordenador dos deputados socialistas na comissão parlamentar do Trabalho, pode ser esse “projeto futuro”, admitem as fontes ouvidas pelo Observador, que assumem essa “vontade do aparelho”.
O “aparelho” tem aliás demonstrado crescente irritação com a sucessão de notícias à volta dos nomes de Pizarro e Carneiro, rejeitando a “bipolarização” em torno dos dois socialistas de maior notoriedade. Agora, e depois do passo dado nas reuniões de quinta-feira, os dirigentes da concelhia preparam-se para expressar a mesma vontade num encontro da comissão política concelhia, na próxima segunda-feira. Certo é que na reunião, de cuja ordem de trabalhos consta a definição do perfil do candidato ao Porto, esses critérios poderão já ser definidos de forma a que Barbosa Ribeiro fique bem colocado na corrida, caso seja essa a sua vontade.