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Ricardo Castelo/Observador

Ricardo Castelo/Observador

Manuel Pizarro. “Nunca deixarei de ser opção para a Câmara do Porto”

Líder do PS/Porto não vê qualquer impedimento na função de eurodeputado para se lançar a uma candidatura ao Porto. Fala na teoria, mas não sai do plano de candidatáveis, mesmo depois de duas derrotas.

O tabu não se desfaz, mas as entrelinhas dizem muito. Manuel Pizarro está cheio de vontade de voltar a concorrer à Câmara do Porto, sem grande expectativa de vencer a Rui Moreira, mas sem lhe virar as costas no dia a seguir às eleições. Antes pelo contrário. Também se vê quem aponta ao futuro da cidade e quem não quer ver nessas funções. O eurodeputado socialista e líder do PS/Porto não quis dizer nada, mas acabou por dar todas as pistas para ler o que se passa nos bastidores socialistas.

No programa Vichyssoise, na rádio Observador, Pizarro lembra até que o facto de hoje ser eurodeputado não é impeditivo de assumir uma candidatura, lembrando até o caso de Fernando Gomes em 1989. E fala de José Luís Carneiro, o nome do seu rival político de sempre e candidato a candidato ao Porto, para reconhecer que o atual secretário-geral adjunto do PS é um político com provas dadas. Pormenor: Manuel Pizarro não resistiu em recordar o apoio de Carneiro a António José Seguro nas primárias contra António Costa. Cadastro ou Currículo? “Do ponto de vista político parece-me que é cadastro”, respondeu de imediato.

Nas últimas eleições autárquicas, inspirou-se no “Amar Pelos Dois” do Salvador Sobral para o lema da campanha. Das músicas que conhecemos da Eurovisão, já escolheu alguma para lançar a sua candidatura ao Porto?
Confesso que este ano estive muito distraído do nosso Festival…

Sabíamos que ia fugir à pergunta, por isso temos algumas sugestões para si: a espanhola “Voy a Quedarme”; a da Macedónia do Norte “Here I Stand”; a grega “Last Dance”, ou ainda a da Sérvia “Loco, Loco”. Qual destas escolherá?
Dançar deve-se sempre. Continuar a dançar em vez de Last Dance, talvez seja melhor.

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Mais a sério: admite ser candidato à Câmara do Porto?
Esse assunto está em discussão no PS e eu, com as responsabilidades que tenho, não posso usar um programa de rádio, mesmo que isso me pudesse dar jeito, para explicar em público qual a minha posição sobre essa matéria. O que devo dizer é que para o PS não há nenhuma angústia na discussão do nosso candidato para o Porto. Nós nunca desistimos do Porto e estamos a construir com a nossa habitual consistência serena um programa político alternativo.

O Dr. Fernando Gomes, quando ganhou as eleições em 1989, era deputado do Parlamento Europeu

Mas já um lado de vontade pessoal que é relevante. Tem ou não vontade de ser candidato à Câmara do Porto?
Nunca abandonei a política portuense, estarei sempre e estou ligado à política portuense. Para mim não é questão essencial ser eu o candidato, também perceberei se houver alguém que esteja melhor colocado do que eu para representar o programa do PS. Vivemos isso sem nenhuma angústia. Não sou seguramente a única opção que existe no PS.

Mas é uma opção?
Sou um político socialista do Porto, nunca deixarei de ser opção. Isso não será problema. Respeito o vosso interesse, mas temos um processo interno e vou tentar não adiantar nada.

É só porque disse que percebia que houvesse outro candidato melhor colocado, o que indicia que gostaria de ser o primeiro considerado.
Não forçosamente. Gostaria que o PS escolhesse a pessoa que estivesse em melhores condições para se candidatar à Câmara para um projeto para o presente e também para o futuro.

Depois de ter sido eleito vereador nas últimas eleições, acabou por abraçar o desafio de eurodeputado. Caso avance como candidato ao Porto, que garantias terão os portuenses de que estará realmente empenhado e dedicado à autarquia?
Essa questão nunca se colocou, nem sequer no panorama político portuense seria inédito. Fernando Gomes, quando ganhou as eleições em 1989, era deputado do Parlamento Europeu. Nunca faltei a uma reunião da Câmara do Porto. Daqui não resulta que o candidato vou ser eu, mas não há nenhum impedimento.

A questão aqui é que Manuel Pizarro já foi duas vezes candidato e das duas vezes perdeu. Que garantias tem que desta vez seria diferente?
Pois, também por isso que não está decidido quem é o candidato. Estamos a fazer um debate interno muito sereno, a ouvir cidadãos, a ouvir instituições. A fazer aquilo que estamos habituados a fazer, no PS/Porto, para escolher o que achamos o melhor candidato. Não vamos escolher um candidato que vai depois à procura de um programa político para o Porto; vamos apresentar um programa político para o Porto e um protagonista para que as pessoas se identifiquem com esse programa político. E, claro, com as melhores condições de sucesso. Nunca desistimos do Porto e não é em 2021 que o vamos fazer.

Na eleição para a Câmara do Porto, à partida quem tem vantagem é quem está na presidência da Câmara do Porto.

E avançar com um candidato que já perdeu duas vezes não transmite a ideia de que o PS já dá estas eleições no Porto por perdidas?
Essa é uma avaliação que uma parte das pessoas fazem e estamos também a ponderar com base nesse argumento. É evidente que em quaisquer circunstâncias e em especial nas circunstância muito particulares da vida política no peri-pandemia, as pessoas que estão nas posições presidenciais estão em grande vantagem. Na eleição para a Câmara do Porto, à partida quem tem vantagem é quem está na presidência da Câmara d Porto. Mas vantagem só significa isso mesmo, porque o Porto tem dado muitas surpresas ao país nestes últimos 20 anos.

Vencer a autarquia é possível ou esse é um cenário que o PS já dá como muito difícil?
Evidentemente que reconheço que a posição de maior vantagem. O mais provável vencedor é o atual presidente da Câmara. Mas o PS concorre às eleições com a ambição de as vencer. Nas últimas eleições, é bem verdade que Rui Moreira venceu e eu e o PS perdemos as eleições. Mas demonstrámos enorme capacidade de travar um combate eleitoral no Porto e vamos para o combate eleitoral de 2021 com o mesmo estado de espírito. Porque várias das coisas que a Câmara do Porto tem feito com atraso são coisas que ainda assim vai fazendo porque o PS tem uma posição muito ativa na vereação. No último ano e meio, todo o discurso a favor da construção de habitação com renda acessível é absolutamente inspirado nas posições e reivindicações do PS.

Se Rui Moreira ganhar as eleições sem maioria absoluta, admite governar ao lado do atual presidente da Câmara?
O que está em questão não é o que vou fazer, mas o que o PS vai fazer. Estamos a debater com serenidade quem é o candidato do PS e não vai haver nenhuma guerra fratricida no PS/Porto sobre a escolha do candidato. Vamos fazer a seleção que achamos melhor para a cidade, é esse o critério. Concorremos para vencer. Em função do resultado, guiar-nos-emos sempre pelo princípio que nos conduziu na vida política.

Portanto, não exclui uma eventual aliança com Rui Moreira no pós-autárquicas.
Faremos o que entendermos que é melhor para a cidade do Porto.

Tiago Barbosa Ribeiro? "Passará por ele, seguramente, uma parte do futuro do PS no Porto".

Além de si, há outros dois nomes na calha para entrarem nesta corrida. José Luís Carneiro, secretário-geral adjunto do PS, e Tiago Barbosa Ribeiro, deputado e líder da concelhia do PS/Porto. Conhecida e documentada a antipatia política que tem por José Luís Carneiro, se faltar à chamada, quão difícil será convencer Carneiro a não avançar?
São duas pessoas que me parecem ter enorme qualificação pessoas, profissional e política. Não há nenhum quid pro quo de natureza pessoal…

Usámos a expressão política, não pessoal.
Num partido com tanta liberdade de opinião como o PS, o facto de alguns de nós já termos divergido em alguns momentos e algumas terem tido forte acentuação pública não significa nada. Deixe-me dar um exemplo: José Luís Carneiro, nas primárias do PS, apoiou António José Seguro contra António Costa. E agora é o secretário-geral adjunto de António Costa. Nós no PS estamos habituados a resolver estes problemas com tolerância e respeito.

Ter apoiado Seguro para si é currículo ou cadastro?
Do ponto de vista político parece-me que é cadastro. Mas isso não o inibe de ser atualmente secretário-geral adjunto. Não consideramos que as opções políticas que são tomadas de forma livre sejam uma ligação para toda a vida.

E é um bom candidato para o Porto?
Isso é outro assunto. A avaliação dele enquanto candidato é feita noutro patamar e faz parte do debate interno que estamos a fazer.

Mas deve ter uma opinião.
Sim, mas é uma opinião, sobre ele ou outra personalidade — incluindo sobre mim próprio — que devo debater nos órgãos internos do PS. Tenho responsabilidades nessa escolha, não posso estar a “mandar recados” às pessoas, aos portuenses, aos militantes do PS, através da comunicação social.

Esperemos que o PSD volte à vida na cidade do Porto, era importante para a democracia municipal.

Admite que este debate possa criar essa ideia para os eleitores de que o PS está com alguma dificuldade em encontrar candidato?
Tenho sentido que os militantes e apoiantes estão muito tranquilos. No Porto, falo direta ou indiretamente com centenas de pessoas e devo dizer que compreendem em absoluto que as circunstâncias da pandemia limitam muito o estilo da ação política. Temos habitualmente um estilo muito próximo, com muitas reuniões e conversas, presenças nas coletividades, associações, bairros… Tudo isso explica por que chegámos ao fim de março com este assunto por estar resolvido. Isto não inibirá que o PS apresente a candidatura combativa que o Porto espera de nós.

Rui Moreira dificilmente perderá estas eleições. Não seria mais avisado ao PS apostar já numa figura que, mais tarde, em 2025, fosse capaz de capitalizar esta experiência? Não fará mais sentido apostar, por exemplo, em Tiago Barbosa Ribeiro?
Eu tenho um enorme apreço pelas qualidades intelectuais políticas do Tiago Barbosa Ribeiro, que ainda por cima tem um percurso profissional — quadro superior da EFACEC, antes de ter sido eleito para o Parlamento em 2015 — e passará por ele, seguramente, uma parte do futuro do PS no Porto.

Considera Vladimiro Feliz, o candidato do PSD, um concorrente forte?
Conheço bem o engenheiro Vladimiro Feliz, é uma pessoa por quem tenho apreço pessoal, uma carreira profissional firmada, teve já atividade política importante na Câmara do Porto. Não quero fazer mais apreciações sobre isso. É candidato de um partido que é adversário do PS e que nas eleições de 2017 mais ou menos desistiu de disputar as eleições no Porto. Esperemos que o PSD volte à vida na cidade do Porto, era importante para a democracia municipal.

"Rui Rio labora num equívoco: acha que se apresentar mais rapidamente os candidatos isso o vai fazer chegar em primeiro lugar à meta. Mas nas autárquicas o que conta é o resultado no dia das eleições"

Olhando para o plano mais nacional, o PSD parece estar apostado em fazer destas eleições um remake do que aconteceu em 2001 e que resultou na queda do Governo de António Guterres. Acredita que existe esse risco?
Estou absolutamente convencido de que não. Acho que Rui Rio labora num equívoco: acha que se apresentar mais rapidamente os candidatos isso o vai fazer chegar em primeiro lugar à meta. Mas nas autárquicas o que conta é o resultado no dia das eleições e não a antecipação na apresentação dos candidatos. Se o discurso com que o PSD se vai apresentar às eleições é o que tem feito — o objetivo do PSD é combater o PS — isso é completamente incompreensível para os cidadãos, que têm muito mais exigência política do que essa e querem lhes apresentem um projeto.

Mas se o PSD conseguir, como parece estar apostado em fazer, recuperar a Câmara de Lisboa e a de Coimbra, por exemplo, isso não pode minar a base eleitoral do PS e fragilizar o Governo?
Anunciar candidatos mediáticos é bastante diferente de vencer as eleições.

Isso não deixaria o PS em maus lençóis?
A minha convicção é que vai ganhar em Lisboa o meu camarada Fernando Medina e em Coimbra o meu camarada Manuel Machado. Em todo o caso não me parece que se devam retirar ilações nacionais de resultados de eleições autárquicas, sobretudo no caso de perder uma ou duas câmaras, por mais importantes que elas sejam. Eu bem sei que António Guterres agiu assim em 2001, mas não acompanho esse raciocínio.

Concorda com a ideia do ministro Eduardo Cabrita de dividir autárquicas por dois dias, devido à pandemia? Ou acha “muito perigoso”, como António Costa?
Percebo a ideia: como é que em pandemia facilitamos o acesso aos eleitores, sem um excesso de concentração de pessoas. É muito difícil executar um processo desses sem correr riscos de desconfiança sobre a retidão do ato eleitoral e a coisa mais importante para a democracia é as pessoas confiarem na forma como o seu voto é respeitado. Desse ponto de vista, opto pela eleição num único dia, porventura melhorando as possibilidades de votação antecipada. O país devia dar um passo em frente nessa matéria, que nas presidenciais foi um sucesso.

Passamos agora para o segmento “Carne ou peixe”, em que tem de escolher uma das opções em cada um dos desafios. Preferia cantar um dueto com Salvador Sobral ou voltar a fazer dupla com Rui Moreira?
Rui Moreira.

Imagine que as fronteiras eram encerradas e era obrigado a ficar para sempre em Bruxelas. Para voltar, teria de festejar todos os anos o campeonato do Benfica no Marquês de Pombal. O que escolhia?
Ficava em Bruxelas.

Com quem ia mais facilmente comer uma francesinha à Ribeira: José Luís Carneiro ou António José Seguro?
António José Seguro… Tenho mais saudades dele.

E um fino nas Galerias enquanto debatiam o futuro do PS: com Fernando Medina ou Pedro Nuno Santos?
Eu fá-lo-ia seguramente com Pedro Nuno Santos, apesar de tudo é geograficamente mais próximo, ali de Aveiro.

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