O chefe de Estado alemão aproveitou a homenagem nacional deste domingo aos 80 mil mortos por Covid-19 para apelar à unidade face às crescentes divisões causadas pelas restrições impostas pela chanceler Angela Merkel para conter a pandemia.

“Não permitamos que a pandemia, que nos obriga ao distanciamento social, também divida a nossa sociedade”, afirmou Frank-Walter Steinmeier, citado pela agência France-Presse, durante a cerimónia, em Berlim, que contou com a presença dos principais líderes do país, incluindo a chanceler, e familiares das vítimas.

O presidente alemão salientou ainda a “exaustão” que o país está a sentir com o “peso da pandemia” e o “desgaste pelas polémicas em torno da melhor estratégia”.

“Acredito que as restrições, que são necessárias em momentos de exceção como uma pandemia, podem ter causado sofrimento involuntariamente”, frisou Frank-Walter Steinmeier, reconhecendo que “os líderes políticos tiveram que tomar decisões difíceis para evitar uma catástrofe ainda maior”.

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Vários países já prestaram homenagens às vítimas nacionais da pandemia, que matou cerca de três milhões de pessoas em todo o mundo, incluindo nos Estados Unidos, Grã-Bretanha, Espanha e Itália.

Noutros países, como França, continua a ser debatida a questão do calendário para essa homenagem reclamada por associações e dirigentes eleitos.

Neste momento, “todas as forças estão concentradas no combate à pandemia (…) mas, obviamente, virá o momento de homenagem e de luto pela Nação”, garantiu esta semana o porta-voz do governo, Gabriel Attal.

O chefe de Estado alemão acendeu simbolicamente uma vela em memória daqueles que morreram por Covid-19 na Alemanha até hoje. E fê-lo ao lado de uma mãe, que perdeu a filha de 23 anos.

A comemoração ocorreu num momento em que a Alemanha é duramente atingida pela terceira onda da pandemia, embora tenha sido bastante poupada durante a primeira vaga, na primavera de 2020.

O país atingiu este domingo os 3,14 milhões de infeções, desde o início da pandemia.

A campanha de vacinação demorou a arrancar, embora cerca de 20% da população tenha já beneficiado da primeira dose.

O governo de Angela Merkel aprovou esta semana um projeto de lei que lhe permite impor novas medidas em todo o país, incluindo toques de recolher obrigatório ao nível local.

No entanto, essa medida é amplamente criticada nas regiões, inclusive pelos barões do próprio partido conservador (CDU) de Angela Merkel.

O documento ainda não foi aprovado no Parlamento. “O vírus não perdoa meias-medidas, elas só pioram”, alertou a chanceler na sexta-feira.