Uma bomba nunca vem só: apenas umas horas depois de ter sido confirmado como um dos 12 clubes dissidentes que avançaram para a criação de uma Superliga europeia, o Tottenham decidiu despedir de imediato o treinador José Mourinho. A notícia começou por ser avançada pela imprensa inglesa, no seguimento de mais um empate cedido na Premier League frente ao Everton, e a menos de uma semana da final da Taça da Liga frente ao Manchester City que era há muito apontada pelo português como a hipótese para quebrar o jejum de títulos, sendo entretanto confirmada pelo clube através de um comunicado que deu conta da rescisão.
The Club can today announce that Jose Mourinho and his coaching staff Joao Sacramento, Nuno Santos, Carlos Lalin and Giovanni Cerra have been relieved of their duties.#THFC ⚪️ #COYS
— Tottenham Hotspur (@SpursOfficial) April 19, 2021
Depois de ter chegado a liderar a Premier League a par do Liverpool em dezembro, o Tottenham sofreu uma queda a pique a partir da derrota em casa com o Liverpool no final de janeiro, com uma série de cinco desaires em seis encontros que afastou a equipa dos lugares europeus antes de uma recuperação que voltou a quebrar no seguimento de dois empates e uma derrota com Newcastle, Manchester United e Everton. Nesta altura, os spurs estão a quatro pontos do quinto lugar, que garante acesso direto à Liga Europa, e a cinco da quarta posição, última com acesso à Champions – uma conta que, com a Superliga europeia, deixaria de existir.
Em paralelo, o Tottenham foi eliminado da Taça de Inglaterra pelo Everton e caiu de forma surpreendente nos oitavos da Liga Europa, perdendo por 3-0 na Croácia frente ao Dínamo Zagreb depois de ter ganho a primeira mão em casa por 2-0. Assim, a grande conquista acabou por ser a chegada à final da Taça da Liga, marcada para este domingo frente ao Manchester City, que poderia quebrar o jejum de títulos que perdura desde 2008.
“José [Mourinho] e a sua equipa técnica estiveram connosco em alguns dos momentos mais desafiantes do clube. O José é um verdadeiro profissional que demonstrou enorme resiliência durante a pandemia. A nível pessoal, gostei de trabalhar com ele e lamento que as coisas não tivessem acontecido. Não funcionou como ambos tínhamos imaginado. Ele será sempre bem-vindo aqui e gostaríamos de agradecer-lhe a ele e à sua comissão técnica pela sua contribuição”, destacou Daniel Levy, presidente do Tottenham, após o anúncio oficial da saída do treinador português. O antigo internacional Ryan Mason, que estava nesta fase nas camadas jovens do clube, foi indicado como treinador interino dos spurs e deverá comandar a equipa na final da Taça da Liga.
Esta é a quarta vez que José Mourinho não cumpre até ao final o contrato com uma equipa da Premier League, por norma mais “pacientes” com os treinadores: saiu em 2007 do Chelsea, voltou a ser despedido na segunda passagem por Stamford Bridge em 2015 e chegou também a acordo com a revogação do vínculo que tinha com o Manchester United em 2018. O português esteve cerca de um ano e meio no Tottenham antes da rescisão, entrando em novembro de 2019 para o lugar de Mauricio Pochettino sem alcançar objetivos como a entrada na Liga dos Campeões de 2020/21 ou a conquista de troféus (sendo que teria este domingo essa possibilidade).