O Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano (GOL) não se revê e contraria as palavras de José Adelino Maltez que, esta terça-feira, disse no Parlamento que os maçons não irão obedecer a uma lei que obrigue a declarar pertença à maçonaria. Fernando Lima lembrou, em declarações ao Observador, que a primeira coisa que alguém faz ao entrar para a maçonaria é “jurar a Constituição e as leis da República” e, portanto, caso a lei seja aprovada, os maçons vão “naturalmente cumpri-la”. “Não há nenhum incitamento à desobediência”, esclareceu.

Em cima da mesa estão dois projetos: um do PAN, que quer incluir na declaração de interesses, património e rendimentos dos políticos e altos cargos públicos um campo de preenchimento sobre a pertença a este tipo de sociedades, que seria facultativo; e outro do PSD, que torna esse registo obrigatório.

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À partida, o Grão-mestre do GOL (a obediência maçónica mais antiga do país) deixou claro que não está de acordo com a lei “porque vai contra a liberdade de consciência de qualquer cidadão” e considera que “os deputados não devem aprovar uma lei destas”. “As pessoas terem de declarar serem maçons é ao mesmo nível que declarar ou não convicções intimas e valores íntimos, vai contra a liberdade de consciência de cada qual e fere direito elementar da liberdade. Nem se trata de ser cargo público, trata-se de preservar a vida íntima de cada um”, esclareceu Fernando Lima, que já pediu para ser ouvido na Comissão de Transparência, já teve uma resposta positiva, mas aguarda a marcação do dia.

Sobre Adelino Maltez, o Grão-mestre explicou que “foi à audição a título individual, na qualidade de maçon, mas não em orientação do Grande Oriente Lusitano”. “Não tem qualquer legitimidade para falar em nome do GOL, mas é um homem livre e pode exprimir as opiniões que entender”, afirmou.

Na terça-feira, de acordo com o Público, ex-candidato a grão-mestre do Grande Oriente Lusitano, José Adelino Maltez, esteve a ser ouvido a seu pedido no Parlamento e garantiu que a lei será “ineficaz” e não será cumprida pelos maçons: “Eu recusava e tinha o direito de resistência”, avisou, depois de arrasar o PSD (“o partido com mais maçons”) e os deputados (“a Assembleia da República é o maior templo de maçonaria em Portugal”).