O biógrafo norte-americano Blake Bailey é suspeito de agressão sexual, violação e comportamento inapropriado com mulheres e o caso já provocou estragos no plano de lançamento da biografia que escreveu sobre o escritor Philip Roth.

De acordo com o jornal The New York Times, existem denúncias contra Blake Bailey de agressão sexual a duas mulheres, uma das quais alegadamente ocorrida em 2015, e de comportamento inapropriado nos anos 1990, com estudantes numa escola em New Orleans, onde deu aulas.

O diário norte-americano relatou ainda, na semana que passou, que há uma denúncia de violação contra Bailey, por parte de uma mulher, executiva na área editorial, ocorrida em 2015. A mulher, Valentina Rice, alega que apresentou o caso, numa carta anónima, às responsáveis pelo movimento #MeToo, mas acabou por desistir de prosseguir com a denúncia.

Blake Bailey, 57 anos, que é considerado um dos mais reputados biógrafos norte-americanos – foi finalista do prémio Pulitzer – nega as acusações, mas as suspeitas levaram a editora W.W. Norton & Company a recuar na semana que terminou no plano editorial em torno do mais recente livro do autor, a biografia autorizada de Philip Roth.

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“Estas alegações são graves. Decidimos suspender o envio [de exemplares] e a promoção de ‘Philip Roth: The Biography’ até surgir mais informação”, afirmou a editora, em comunicado citado pela agência Associated Press.

Blake Bailey também já foi rejeitado pela agência literária com a qual trabalhava, a Story Factory.

A verdade é que o lançamento editorial da biografia de Philip Roth estava já em marcha, com uma primeira edição de 50 mil exemplares à venda nos Estados Unidos, e o próprio Blake Bailey tinha feito entrevistas promocionais. Uma segunda edição de 10 mil exemplares, prevista para maio, foi suspensa.

O livro estava a ser acolhido com alguma expectativa, por ser sobre Philip Roth, um dos nomes centrais da literatura norte-americana do século XX, mas também por ter sido autorizada e pelo que pode revelar sobre a relação do romancista com as mulheres.

Blake Bailey, que esteve a trabalhar na biografia desde 2012, explicou em entrevistas que teve total acesso à documentação pessoal de Philip Roth e pôde conversar longamente com o romancista, que morreu em 2018.