A Noruega, o país europeu que mais cedo e mais “em força” aderiu à mobilidade eléctrica, será a porta de entrada do construtor chinês de veículos eléctricos Nio no Velho Continente. Segundo a marca asiática, as vendas deverão arrancar ainda este ano – previsivelmente no próximo semestre – e o modelo que servirá de cartão de apresentação vai ser o ES8, um SUV que se posiciona (por enquanto) como o porta-estandarte do construtor.

O crossover em causa anuncia uma distância entre eixos recorde no segmento (mais de 3 metros), podendo oferecer seis ou sete lugares. Quando equipado com um pack de baterias de 100 kWh, anuncia 580 km de autonomia entre recargas, mas sob o antigo protocolo de medição NEDC, o que deixa antever um valor bem abaixo dos 500 km em WLTP, que deverá ter de anunciar antes de começar a vender na Europa. O “smart” SUV chinês apresenta-se exclusivamente com tracção às quatro rodas, para onde canaliza um máximo de 440 kW (598 cv) de potência máxima e 725 Nm de torque, o que lhe permite passar pelos 0-100 km/h em apenas 4,9 segundos, com o conforto a ser assegurado pela suspensão a ar activa e a rigidez torcional a ser referencial, fruto da “maior taxa de integração de alumínio” na carroçaria de um veículo de série (96,4%), de acordo com a Nio.

O modelo de negócio também está já definido, com o fabricante chinês a importar para a Europa praticamente todas as soluções que já disponibiliza aos clientes asiáticos, inclusivamente a Nio House, cuja primeira instalação fora da China está prevista para a capital norueguesa. Em concreto, na Karl Johans Gate, no centro de Oslo. Esta mesma cidade vai acolher igualmente o primeiro ponto de venda e de serviços da Nio em solo europeu, cuja abertura está prevista para o próximo mês de Setembro.

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Para o próximo ano, está programada a expansão da rede de serviços pós-venda por todo o território norueguês e a abertura de mais quatro espaços próprios. Até porque, será em 2022 que a Nio vai arrancar com a comercialização da sua berlina eléctrica, a ET7, que já fez correr muita tinta por anunciar uma autonomia de 1000 km, fruto de montar um pack de baterias com 150 kWh de capacidade. Contudo, convém ter presente que, mais uma vez, o anunciado alcance entre recargas é estimado de acordo com o antigo (e optimista) protocolo de medição de consumos e emissões NEDC. Ainda assim, a realidade é que estaremos a falar sempre de um veículo capaz de percorrer 750 km entre visitas aos carregadores, o que o deixa praticamente em pé de igualdade com aquelas que dizem ser as melhores propostas do mercado, em termos de autonomia – Mercedes EQS incluído.

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Simultaneamente, o Nio ET7 também promete ser um adversário de respeito no que toca à condução autónoma, usufruindo daquilo que a marca designa por “Aquila Super Sensing” – basicamente, o hardware que permite ao sistema assumir o controlo do veículo e libertar o condutor dessa tarefa. Segundo a marca, o pack integra um total de 33 unidades para “ler” tudo o que se passa na estrada, incluindo um LiDAR, 11 câmaras, 12 sensores ultrassónicos, radares de ondas milimétricas, unidades de localização redundantes de alta precisão, entre outros.

A tudo isto acresce que o sedan de quatro portas chinês cumpre os 0-100 km/h em 3,9 segundos, fruto de montar dois motores que debitam 480 kW (653 cv) e 850 Nm. Além disso, o coeficiente de arrasto é muito baixo (0,23) e todas as actualizações se processam over-the-air. Na China, a versão de entrada (bateria de 70 kWh, autonomia de 500 km em NEDC) arranca nos 448.000 yuan, cerca de 57.425€.

Outra das novidades trazidas pela construtor chinês reside nos equipamentos de carga que a Nio comercializa (Nio Power), mas talvez uma das mais interessantes se prenda com o serviço de troca de bateria. Até ao final de 2022, os futuros clientes noruegueses terão à sua disposição três estações onde, ao invés de esperar pela recarga dos seus acumuladores, os trocam por baterias já recarregadas. A localização destes pontos será “estratégica”, com o intuito de maximizar a ligação entre grandes cidades e eixos rodoviários. Veja abaixo como se processa a operação: