Quando não podia falhar, a Juventus falhou. Mais do que isso até: deixou uma imagem de fragilidade completa na segunda parte da receção frente ao AC Milan, que acabou com uma derrota por 3-0 mas que poderia até ter outros números mais pesados à mistura. Dessa vez, Ronaldo, que salvara uns dias antes a equipa em Udine com um bis nos últimos minutos, não marcou e foi até um dos piores em campo. Mas Ronaldo, aos 36 anos, é sempre Ronaldo. E Ronaldo, mesmo com 36 anos, consegue sempre dar a volta na adversidade – e bater recordes.

O escândalo estava a começar: Juventus perde com o AC Milan em casa, desce a quinto e não depende de si para a Champions

Num encontro que estava a ser praticamente de sentido único em relação às aproximações no último terço a favor do Sassuolo, apesar da vantagem dos bianconeri conseguida pouco antes da meia hora por Rabiot, o avançado conseguiu fazer o 2-0 em cima do intervalo, reforçando a posição de melhor marcador da Serie A com 28 golos num lance em que foi lançado em velocidade, fintou Marlon e rematou de pé esquerdo, marcando ao adversário a quem tinha feito também o primeiro golo, em 2018, na principal competição transalpina.

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Mais do que isso, Ronaldo, que custou no verão de 2018 um total de 100 milhões de euros à Juventus, chegou ao 100.º golo oficial pela Juventus, tornando-se assim o primeiro jogador a marcar 100 ou mais golos por clubes de três países diferentes depois de Inglaterra (Manchester United, 118) e Espanha (Real Madrid, 450), além de ter ainda mais 103 ao serviço da Seleção Nacional A. Em paralelo, o português tornou-se também o primeiro a chegar aos 100 golos pelos bianconeri em três épocas, superando as quatro de Omar Sivori e Roberto Baggio.

No entanto, o resultado sobretudo ao intervalo não ilustrava em nada o que se tinha passado no primeiro tempo, bastando para isso atentar nos 15 minutos iniciais: Hamed Traoré teve um remate perto da trave na passada após uma transição rápida pela direita (3′); Berardi ficou também muito perto de inaugurar o marcador numa jogada individual que voltou a ameaçar o golo (5′); e o mesmo Berardi permitiu que Buffon travasse uma grande penalidade (15′). O bom momento do Sassuolo, com cinco vitórias e um empate em seis jogos que consolidaram a equipa na oitava posição tendo margem para lutar com a Roma pelo sétimo, voltava a revelar-se mas foi a Juventus que marcou, por Rabiot e Ronaldo, tendo pelo meio mais uma boa chance por Obiang.

No segundo tempo, fruto de alguns reajustamentos feitos por Pirlo ao intervalo, os visitantes surgiram com uma organização defensiva mais consistente mas o Sassuolo conseguiu reduzir a desvantagem cedo por Raspadori, numa jogada com Locatelli pelo corredor central (59′), antes de Alex Sandro ter um corte providencial com o pé direito para canto com Berardi nas costas para fazer o empate. No entanto, e com a subida de linhas, a equipa de Roberto De Zerbi ficou demasiado exposta atrás e acabou por perder por aí o encontro, sofrendo o 3-1 por Dybala – que marcou também o golo 100 pela Juventus – depois de uma assistência de Kulusevski (66′) e vendo um remate ao poste de Ronaldo, na sequência de uma diagonal da esquerda para o meio (77′).

No entanto, e apesar da vitória, a Juventus continua na quinta posição da Serie A, depois de ter visto a Atalanta a ganhar ao Benevento por 2-0 (Muriel e Pasalic) e o AC Milan a golear com números invulgares o Torino (7-0, com hat-trick de Rebic). Na vésperada, o Nápoles tinha também goleado a Udinese por 5-1. Ou seja, a equipa de Andrea Pirlo continua sem margem de erro à espera de uma escorregadela de terceiros, sendo que na próxima jornada vai receber em Turim o novo campeão italiano, Inter, que tentará “vingar” eliminação na Taça.