Morreu Manuel Pinto Baltazar, mais conhecido por Manuel Palito, que em 2014 esteve durante mais de um mês em fuga das autoridades após ter matado a sogra e uma tia da ex-mulher. O homem, que também feriu a ex-mulher e a filha (argumentou que não tinha intenção de matar a primeira e que atingiu inadvertidamente a segunda) cumpria pena máxima. Perdeu a vida esta madrugada, aos 66 anos, no IPO do Porto, vítima de leucemia, confirmou fonte oficial ao Observador.
A 17 de abril de 2014, em Valongo dos Azeites (São João da Pesqueira), Manuel Palito entrou numa fábrica onde as quatro mulheres cozinhavam bolos para a Páscoa e atingiu com tiro de caçadeira a sogra, Maria Lina Silva, e uma tia da ex-mulher, Elisa Barros. Também tentou matar a filha, Sónia Baltazar, enquanto esta socorria a avó; e a ex-mulher, Maria Angelina Baltazar, mas ambas sobreviveram ao ataque. Após o crime, Manuel Palito fugiu do local e passou 34 dias fugido das autoridades. Foi encontrado a 21 de maio de 2014 em casa.
Pode o fugitivo de Aguiar da Beira aguentar tanto tempo como Manuel “Palito”?
Cinco meses depois do início de julgamento, que começou em fevereiro de 2015 no Tribunal de Viseu, Manuel “Palito” foi condenado a 25 anos de prisão. A presidente do coletivo de juízes, Cândida Martinho, classificou aquela decisão como a única possível perante a “monstruosidade” dos crimes. O homicida foi descrito como tendo “uma personalidade violenta, egoísta, egocêntrica e dominadora”. Quando se referiam a ele como divorciado, corrigia: “Casado, senhora juíza”, contava à época o Público. Não o era.
Durante o julgamento, a defesa de Manuel “Palito” procurou justificar os crimes com a suposta paixão “desmesurada” que ele nutriria pela ex-mulher — o ataque à tia, por exemplo, terá sido preparado porque o homicida a culpava pelo divórcio. A obsessão de Manuel “Palito” pela ex-mulher foi confirmada pelos amigos do recluso, mas não sensibilizou a presidente do coletivo: “Refere que amava a ex-mulher. Estranha forma de amar”, atirou ela para depois aplicar uma pena condizente com os “sentimentos de receio e de repulsa” que os crimes motivavam na sociedade.
Além de ser agricultor, Manuel “Palito” era também caçador e conhecia muito bem a região por onde esteve fugido à polícia e à Guarda Nacional Republicana (GNR). Antes de ser detido foi visto três vezes: uma quando se cruzou com um habitante de Penadono, logo no dia a seguir ao crime; outra alguns dias depois ao encontrar um padeiro em Trevões, sua terra natal; e a terceira vez uma semana depois, quando se cruza uma mulher em Vale de Vila. Mais de três semanas depois regressa a casa e só então é detido.