O antigo líder do PSD e atual conselheiro de Estado, Luís Marques Mendes, disse no seu espaço de comentário semanal na SIC que o primeiro-ministro António Costa está a planear fazer uma remodelação no Governo depois das autárquicas. É nessa data, prevê o comentador, que o líder socialista vai deixar de “segurar” o ministro da Administração interna, um ministro que classifica como “impopular” e que tem recebido vários pedidos de demissão. Além disso, Marques Mendes disse que o executivo está em conversações com a Caixa Geral de Depósitos (CGD) para transferir vários ministérios para o edifício sede do banco, na Avenida João XXI, em Lisboa. Contudo, quanto ao último ponto, nada está fechado.

Se tivéssemos um Ministro da Administração Interna a sério em Portugal, isto [festejos do título do Sporting que fugiram do controlo] não acontecia”, acusa Marques Mendes.

Começando pelas críticas quanto ao Governo, Marques Mendes diz que António Costa já “não tem a autoridade” que tinha no primeiro mandato. Para provar o seu argumento, disse que o chefe do Governo teria já demitido João Galamba, secretário de Estado Adjunto da Energia, lembrando que há três anos deixou cair um ministro da Cultura, João Soares, após este também ter feito declarações polémicas. Quanto a Cabrita, só “surpreende a forma tão elogiosa” que o primeiro-ministro utilizou para defender o governante, alegou.

António Costa não ia fazer uma substituição neste momento, ainda por cima quando está toda a gente a pedir”, disse o social-democrata.

António Costa tem na sua cabeça fazer uma remodelação e, na sua cabeça, provavelmente já está preparada“, afirmou também o conselheiro de Estado. “Mas não é agora”, referiu. Quando é? “Outubro/novembro”, depois de estarem terminadas as eleições autárquicas. “Não tenho nenhuma dúvida que Eduardo Cabrita vai sair nessa ocasião”, continuou a dizer Marques Mendes. “Em tudo o que ele se mete [Cabrita], sai asneira”, disse ainda o comentador salientado que não tem “nada de pessoal” contra o socialista. De acordo com social-democrata, “isto contamina e degrada a imagem do Estado”, daí Costa poder estar a planear livrar-se deste ministro, e de outros, no outono, segundo o comentador.

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Até lá, Costa vai “esconder” os ministro mais impopulares. Por outras palavras, Marques Mendes diz que o primeiro-ministro está e vai, de forma estratégica, manter ministros no cargo mas, por questões de popularidade, vai evitar que apareçam no espaço público para não prejudicar os resultados das autárquicas, a começar por Eduardo Cabrita. O que o conselheiro de Estado ainda não sabe, e assume, é se esta será uma “remodelação profunda ou pífia”.

Ministérios na CGD?

Quanto à Caixa Geral de Depósito, o comentador afirma que “embora isto esteja num circuito muito fechado”, apercebeu-se que o Governo e o banco público vão transferir vários “ministérios que estão espalhados por Lisboa” para os concentrar na sede da Caixa. “Não serão todos, mas serão vários”, afirma. Como a CGD “emagreceu as suas estruturas”, a sede do banco, que é bastante grande, “está cada vez mais livre”. “Estão a conversar as duas partes (…) eventualmente a Caixa Geral de Depósitos iria para outro lado”, disse ainda o comentador sem dar certezas. “Esta é a única remodelação que conheço que está em construção”, referiu, salientando que o processo pode avançar.

Em janeiro de 2020, como avançou o Dinheiro Vivo, Paulo Macedo, antigo ministro da saúde e presidente executivo da CGD, afirmou que o banco poderia deixar de ocupar “sozinho” o edifício sede. Na altura, o gestor justificou a afirmação dizendo que não é “eficiente” a Caixa ocupar uma sede daquele tamanho. A sede da CGD começou a ser construída em julho de 1987 e foi concluída em 1994, tendo começado a ser ocupado logo em 1993. O edifício tem um total de 205 200 metros quadrados de área bruta de construção.