As autoridades sanitárias alemãs admitem que venha a ser necessária no próximo ano uma terceira dose da vacina contra o coronavírus, tal como já haviam apontado alguns fabricantes, numa altura em que continuam a descer os casos e a incidência.

Numa entrevista publicada este domingo pela imprensa do grupo Funke, o presidente da Comissão Permanente de Vacinação (Stiko) alemã, Thomas Mertens, avisou que as atuais vacinas contra a covid-19 “não serão as últimas”. “Em princípio, devemos preparar-nos para que, provavelmente, no próximo ano todos tenhamos de refrescar a nossa proteção imunológica“, admitiu.

No entanto, a Alemanha ainda não tomou qualquer decisão a esse respeito, estando a aguardar os estudos imunitários que estão a ser efetuados na população já vacinada. Os responsáveis sanitários dos governos alemão e dos estados federados apenas seguem as recomendações da Stiko.

Terceira dose é “o mais provável”, diz especialista português

O Presidente da Sociedade Portuguesa de Virologia assumiu que “o mais provável” é que seja necessário repetir a imunização da população contra a Covid-19 porque estas vacinas não são como a do sarampo, por exemplo, que confere proteção por vários anos.

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A reação de Paulo Paixão à Rádio Observador chega depois de as autoridades de saúde alemãs terem assumido a necessidade de administrar uma terceira dose à população no próximo ano. “A novidade é ser as autoridades de saúde de um país a assumir isso. Mas para nós [a comunidade científica] isso sempre foi mais ou menos uma evidência”, aponta Paulo Paixão.

Vacina. Terceira dose? “Vai ser uma realidade universal, é inevitável”

Especialista do PSD alemão diz que imunidade da vacina dura seis meses

Também em declarações à imprensa do mesmo grupo de comunicação social, o especialista para os assuntos de Saúde do Partido Social Democrata (PSD), Karl Lauterbach, assinalou que, aparentemente, a imunidade dada pela vacina dura cerca de seis meses.

Mertens alertou para o facto de poder ser necessária, com urgência, uma terceira dose se surgirem variantes para as quais as vacinas sejam ineficazes. Se assim for, prosseguiu, será necessário adaptar essas fórmulas às mutações e vacinar novamente os imunizados, dando como exemplo as vacinas da AstraZeneca e Johnson & Johnson, “que se mostraram menos eficazes com a variante detetada pela primeira vez na África do Sul.

As empresas farmacêuticas Pfizer e BioNTech, criadoras de uma das vacinas cobiçadas, anunciaram recentemente que poderá ser necessária uma terceira dose da sua fórmula para fortalecer a imunidade.

Este domingo, as autoridades sanitárias alemãs indicaram que se mantém a tendência de diminuição de novos casos de Covid-19, tendo-se registado, nas últimas 24 horas, 8.500 infeções e 71 mortes. A comparação com os resultados obtidos no domingo passado mostra isso mesmo: nesse dia foram detetados 12.656 novos casos e 127 óbitos.

A taxa de incidência acumulada dos últimos sete dias acelerou também a tendência de descida e caiu para os 83,1 casos por cada 100 mil habitantes, quando sábado se situou nos 87,3 e, há uma semana, 118,6. O Governo alemão indicou nos últimos dias que a terceira onda da pandemia parece estar controlada.

A Alemanha acumulou desde o início da pandemia 3.593.434 casos de infeção (3.286.400 estão recuperados) e 86.096 mortes. O número de pacientes de Covid-19 internados nas unidades de cuidados intensivos continua também a diminuir e situou-se, sábado, em 4.089.

Na Alemanha, 36,5% da população (30,4 milhões de pessoas) já recebeu pelo menos uma dose da vacina, enquanto 10,9% (cerca de nove milhões) já se encontra imunizada com a segunda.

A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 3.359.726 mortos no mundo, resultantes de mais de 161,7 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.