O presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, garantiu esta terça-feira que as autoridades espanholas vão “restabelecer a ordem” em Ceuta e em Melilla, cidades onde entraram mais de seis mil migrantes marroquinos nas últimas.

“Quero transmitir, em nome do governo de Espanha, e especialmente aos que vivem em Ceuta e Melilla, que vamos restabelecer a ordem na vossa cidade e nas nossas fronteiras o mais rapidamente possível”, afirmou Sánchez, numa declaração ao país, prometendo ser “firme perante qualquer desafio e qualquer eventualidade”.

“A integridade territorial de Espanha e a segurança dos nossos compatriotas serão defendidas pelo governo de Espanha, com todos os meios necessários e em conjunto com os nossos parceiros europeus”, assegurou o chefe do executivo espanhol.

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Na sua declaração, Sánchez referiu que “Marrocos é um parceiro e amigo”, deixou um recado, exigindo “respeito pelas fronteiras mútuas”. Antes, numa publicação no Twitter, Sánchez já tinha afirmado que a sua a sua prioridade era “devolver a normalidade a Ceuta”. O Exército já foi destacado para as ruas.

2.700 migrantes devolvidos a Marrocos

Cerca de 2.700 dos seis mil migrantes que entraram ilegalmente em Ceuta nas últimas horas já foram devolvidos a Marrocos, anunciou esta terça-feira o ministro do Interior espanhol, Fernando Grande-Marlaska.

Numa conferência de imprensa depois do Conselho de Ministros em que a questão foi tratada, Marlaska disse que o Governo está a colocar desde o primeiro momento todos os meios necessários para proteger os cidadãos de Ceuta e devolver “através dos canais estabelecidos” aqueles que estão a entrar ilegalmente na cidade autónoma.

“Ceuta é tanto Espanha como Madrid, Sevilha ou Barcelona”, disse o ministro, que salientou que o executivo “não desistirá nem por um minuto” de tentar inverter a situação e continuará a “ser enérgico na defesa das fronteiras”.

O ministro do Interior (Administração Interna) assegurou que o executivo espanhol irá proceder à “devolução imediata” das pessoas que estão a entrar “ilegalmente” no país.

Por seu lado, a porta-voz do Governo, María Jesús Montero, apelou à “tranquilidade”, “confiança” e também “solidariedade” com os cidadãos de Ceuta e Melilla e “do sul do país” na sequência da crise migratória sofrida nas últimas horas na cidade autónoma de Ceuta.

Na mesma conferência de imprensa, Montero lançou uma mensagem de forma “clara e rotunda” contra as “mensagens xenófobas” que, na sua opinião, procuram criminalizar os migrantes ou associá-los a comportamentos criminosos.

A última coisa que uma crise migratória desta natureza necessita é que os líderes políticos despertem o medo ou o ódio. O que pedimos a todos é responsabilidade, prudência e um sentido de Estado para não dar origem a situações que possam gerar mais medo ou tensão entre os cidadãos”, observou.

A mensagem tinha como um dos alvos o presidente do partido espanhol de extrema-direita Vox, Santiago Abascal, que anunciou que iria a Ceuta para apoiar os “compatriotas”, depois da avalanche de imigrantes que chegaram esta terça-feira à cidade autónoma.

“Marrocos está a invadir Ceuta com milhares de assaltantes pela inação cobarde e criminosa do Governo que rendeu a nossa fronteira sul”, disse Abascal na segunda-feira à noite numa mensagem difundida nas redes sociais.

A fronteira que separa o território autónomo espanhol de Ceuta do reino de Marrocos registou esta terça-feira novas entradas de cidadãos marroquinos “por mar” tendo o exército de Espanha mobilizado efetivos para o local.

Pelo menos cinco mil migrantes, incluindo mil menores, já tinham chegado a Ceuta na segunda-feira ao longo do dia, tratando-se, segundo as autoridades espanholas, de um número “recorde”.

De acordo com a agência espanhola Efe, centenas de pessoas estiveram concentradas no lado marroquino da linha de fronteira, no norte de África, que se estende de uma montanha até às águas do Estreito de Gibraltar.

Fontes militares disseram à Efe que a “pressão migratória” manteve-se durante toda a madrugada mas que as entradas em Ceuta estiveram reduzidas a “pequenos grupos”.