O presidente da associação para o desenvolvimento das comunicações APDC, Rogério Carapuça, e a investigadora na área de inteligência artificial Manuela Veloso integram as nove personalidades designadas para a Comissão Nacional de Acompanhamento do Plano de Recuperação e Resiliência.
De acordo com o despacho n.º 5000/2021, publicado esta terça-feira em Diário da República, são designadas “nove personalidades para integrarem a Comissão Nacional de Acompanhamento (CNA)”, dos quais quatro são mulheres.
Álvaro Fernando de Oliveira Costa, Carlos Farinha Rodrigues, João Abel Peças Lopes, José Manuel dos Santos Fernandes, Maria Júlia Fonseca Seixas, Maria Leonor Prata Cerqueira Sopas, Maria Manuela Magalhães de Albuquerque Veloso, Rogério dos Santos Carapuça e Teresa Sá Marques são as personalidades escolhidas.
“Os referidos membros da CNA não têm direito a qualquer remuneração pelo desempenho das suas funções, apenas tendo direito ao pagamento de senhas de presença e ajudas de custo pela participação nas reuniões, em montante a fixar por despacho dos membros do Governo responsáveis pelas áreas das Finanças e do Planeamento”, refere o despacho, que produz efeitos a partir desta terça-feira.
Álvaro Fernando de Oliveira e Costa, nascido em 1962, no Porto, é licenciado em engenharia civil pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, mestre em Transportes pelo Instituto Superior Técnico (IST) e doutorado na área de economia pela Loughborough University of Technology (Reino Unido).
É professor associado da Faculdade de Engenharia do Porto, integra o CITTA — Centro de Investigação do Território, Transportes e Ambiente e é presidente executivo da Trenmo Engenharia desde 2005 e vice-presidente da Associação Comercial do Porto desde 2017, de acordo com as notas curriculares citadas no despacho.
Nascido em Lisboa, em 1957, Carlos Farinha Rodrigues é licenciado em Economia e doutorado em Economia pela Lisbon School of Economics and Management da Universidade de Lisboa e é professor associado desta instituição.
Integra a Direção do Instituto de Políticas Públicas Thomas Jefferson-Correia da Serra e é assessor do Instituto Nacional de Estatística (INE) nas áreas de distribuição do rendimento e das estatísticas das famílias.
João Peças Lopes, nascido na Sertã em 1958, é licenciado e doutorado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e é membro do conselho consultivo da Agência de Energia do Porto e do conselho geral da APREN.
José Manuel Fernandes, sócio fundador da Frezite, com empresas em vários países, exerce atualmente funções de “chairman” do grupo empresarial com sede em Trofa. Nascido em 1945, em Lisboa, é licenciado em Engenharia Mecânica, e bacharel em Eletrotecnia e Máquinas pela Faculdade de Engenharia do Porto e foi presidente da direção da AIMMAP e membro do Conselho Geral de Supervisão da EDP.
Por sua vez, Júlia Seixas, nascida em 1962, no Lobito, Angola, é membro da comissão científica do programa de doutoramento em Alterações Climáticas e Políticas de Desenvolvimento sustentável, um programa conjunto das universidades de Lisboa e Nova de Lisboa.
Licenciada e doutorada em Engenharia do Ambiente pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, é presidente do departamento de Ciências e Engenharia do Ambiente desta instituição desde março de 2017.
Já Maria Leonor Prata Cerqueira Sopas, nascida no Porto em 1966, é licenciada em Economia pela Universidade do Porto e mestre em Estudos Económicos Europeus pelo College of Europe, Bélgica. Entre junho de 1996 e setembro de 1997, foi adjunta do secretário de Estado para a Competitividade e Internacionalização.
Manuela Veloso é investigadora de topo na área de inteligência artificial (IA) e cofundadora da RoboCup, uma iniciativa para o estudo de equipas de robots autónomos em ambientes adversários.
Licenciada e mestre em Engenharia Eletrotécnica e Computadores pelo IST, mestre em Ciência de Computadores pela Boston University e doutorada em Ciência de Computadores pela Carnegie Mellon University (CMU), em Pittsburgh. Membro do Conselho da Diáspora, foi convidada em 2018 a criar e dirigir um centro de investigação em IA na JPMorgan.
Nascido em 1958, em Lisboa, Rogério Carapuça é licenciado em Engenharia Eletrotécnica pelo IST, mestre e doutorado em Engenharia Eletrotécnica e Computadores também pela mesma instituição.
Antigo presidente executivo e “chairman” da tecnológica Novabase, Rogério Carapuça lidera a APDC — Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações desde 2013 e é atualmente membro do Comité de Gestão do Programa de colaboração internacional CMU-Portugal e presidente do Fórum para as qualificações digitais da iniciativa INCODE 2030 desde o seu início (2018).
Doutorada em Geografia, Teresa Sá Marques é professora na Faculdade de Letras da Universidade do Porto e especialista em ordenamento do território, coordenou o Programa Nacional das Políticas de Ordenamento do Território (PNPOT) e colaborou na execução de vários Programas Regionais de Ordenamento do Território (PROT).
Despacho que formaliza António Costa Silva como presidente da CNA já foi publicado
O despacho que designa António Costa Silva como presidente da Comissão Nacional de Acompanhamento (CNA) do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) foi esta terça-feira publicado em Diário da República, bem como as nove personalidades que integram a estrutura.
Deste modo, está o caminho aberto para ser organizada a primeira sessão plenária da Comissão Nacional de Acompanhamento.
Em entrevista à Lusa na semana passada, António Costa Silva tinha afirmado que o grande desafio é pôr a CNA a funcionar.
“É uma tarefa que compete ao Governo fazer a nomeação final e quando isso sair vamos entrar em funcionamento”, afirmou, em entrevista à Lusa, recordando que a CNA tem a representação de todos os parceiros sociais, associações empresariais, sindicatos, CCDR, comunidades intermunicipais, a presidência da associação dos municípios e das freguesias, a representação do Conselho de Reitores, dos politécnicos, do Conselho Científico Nacional e depois de todos os órgãos do setor social, das mutualidades, as misericórdias.
“Todo o grande desafio vai por aí, vai ser pôr a comissão a funcionar”, considerou, manifestando-se, todavia, convicto de que será uma “estrutura operacional”.
Na altura, António Costa Silva disse que assim que as personalidades independentes, especialistas nas diferentes áreas que o PRR vai acompanhar, fosse nomeada, seria organizada a primeira sessão plenária, esperando que a mesma se realize ainda no primeiro semestre deste ano.
Costa Silva pretende discutir um modelo “flexível” e “inovador” com os seus colegas “logo na primeira reunião, para pôr tudo a funcionar. “É evidente que não podemos ter uma comissão com trinta e tal pessoas a reunir continuamente”, explicou.
As reuniões plenárias terão lugar “duas, três (vezes) por ano”, disse.
O que queria ver era se existia um modelo flexível, portanto, cada área ter um especialista ou dois, que são reputados e reconhecidos nas suas áreas, para trabalhar com todos os atores sociais, com as empresas e com os organismos que estão envolvidos em cada um dos componentes”, prosseguiu.
No âmbito do modelo de governação dos fundos PRR, o Governo estabeleceu quatro níveis de coordenação, assegurados por três comissões e pela estrutura de missão Recuperar Portugal.
“Vamos ter a estrutura de missão, que tem as competências executivas e que está ligada ao Governo. A Comissão é completamente independente e é de Acompanhamento”, disse, acrescentando pretender que esta tenha “como objetivo fundamental pôr o país a falar consigo próprio”.
Isto “porque um dos problemas que nós temos no país – e essa é uma reforma fundamental – é a reforma da nossa mentalidade”, considerou António Costa Silva.