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A humildade de Seferovic é o golo. E Seferovic foi humilde 22 vezes (a crónica do V. Guimarães-Benfica)

Este artigo tem mais de 2 anos

Benfica despediu-se da Liga com uma vitória (1-3), afastou o V. Guimarães da Europa e deu mais dois golos a Seferovic: que tem a humildade no golo e que ao longo da época foi humilde em 22 ocasiões.

O avançado suíço marcou os dois primeiros golos dos encarnados no D. Afonso Henriques
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O avançado suíço marcou os dois primeiros golos dos encarnados no D. Afonso Henriques

LUSA

O avançado suíço marcou os dois primeiros golos dos encarnados no D. Afonso Henriques

LUSA

Quando, dentro de um clube, vozes diferentes surgem na comunicação social a ter uma conversa demasiado pública que deveria ser tida dentro de portas, algo não está a correr bem. E, nos últimos dias, foi exatamente isso que aconteceu ao Benfica. Apesar de um final de temporada aparentemente positivo, com o apuramento para a final da Taça de Portugal, com várias vitórias, com o resultado no dérbi contra o Sporting, a cúpula encarnada parece ainda não ter esquecido que a equipa falhou a Liga dos Campeões, falhou o título e falhou a entrada direta na mesma Liga dos Campeões. E a voz dessa cúpula, esta segunda-feira, foi o vice-presidente Jaime Antunes.

“Temos de partir para a nova época com uma atitude diferente, com mais humildade, dizendo aos sócios que estamos aqui para lugar pelos objetivos que o Benfica pretende sempre alcançar. Não há salvação para esta época. Tendo em conta o investimento que foi feito, esta época foi falhada”, atirou, acrescentando que Jorge Jesus terá de “reganhar a confiança dos adeptos e sócios” na próxima temporada e que a conquista da Taça de Portugal, a acontecer, não é suficiente para apagar as desilusões dos últimos meses.

Ficha de jogo

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V. Guimarães-Benfica, 1-3

34.ª jornada da Primeira Liga

Estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães

Árbitro: Vítor Ferreira (AF Braga)

V. Guimarães: Trmal, Sacko, Mumin (André Amaro, 68′), Jorge Fernandes, Sílvio (Ouattara, 76′), Pepelu, André André (André Almeida, 68′), Marcus Edwards, Rochinha (Bruno Duarte, 61′), Quaresma, Estupiñan (Lyle Foster, 76′)

Suplentes não utilizados: Jhonatan, Suliman, Hélder Sá, Wakaso

Treinador: Moreno

Benfica: Vlachodimos, Gilberto, Lucas Veríssimo (Vertonghen, 25′), Otamendi, Morato, Nuno Tavares (Grimaldo, 74′), Gabriel, Taarabt (Pizzi, 59′), Pedrinho (Chiquinho, 59′), Darwin (Everton, 59′), Seferovic

Suplentes não utilizados: Helton Leite, João Ferreira, Weigl, Gonçalo Ramos

Treinador: Jorge Jesus

Golos: Seferovic (48′ e 58′), Jorge Fernandes (63′), Everton (90+1′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Taarabt (43′), a Jorge Fernandes (53′)

Ora, à beira da última jornada da Primeira Liga e a poucos dias dessa final da Taça de Portugal, Jesus foi confrontado com declarações inesperadas — e, de forma previsível, não deixou de responder. “A responsabilidade de entrar na Champions é a mesma de quando cheguei ao Benfica. Acho que neste momento é mais fácil, tenho um ano de trabalho e os jogadores já me conhecem mas a responsabilidade é grande e é por isso que trabalhamos. Não preciso de que um vice-presidente do Benfica me venha alertar para esse facto porque falo todos os dias com o presidente, com o Rui Costa, com o Domingos Soares de Oliveira. É com essas pessoas que estou habituado a falar de futebol. Também tenho de falar com adeptos. Como? Ganhando. Eles sabem o que eu penso e essas pessoas é que me interessam”, disse o treinador, na habitual conferência de imprensa de antevisão da visita ao V. Guimarães, deixando ainda uma farpa mais direta a Jaime Antunes.

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“Não sei onde é que ele quis chegar. Se o significado de humildade é dizer o que eu disse… As pessoas com quem tenho de comunicar sabem que sou humilde. Se as pessoas que não têm nada a ver com isto falam daquilo de que não têm de falar, essas é que não são humildes”, terminou Jesus, encerrando uma troca de ideias que mostra que os ânimos não estão serenos na Luz. Era neste contexto que o Benfica visitava esta quarta-feira o V. Guimarães, na última jornada da Primeira Liga e já com tudo decidido no topo da classificação — Sporting e FC Porto na fase de grupos da Liga dos Campeões, encarnados na terceira pré-eliminatória, Sp. Braga na fase de grupos da Liga Europa e P. Ferreira na terceira pré-eliminatória de acesso à Conference League. Assim, e enquanto conclusão de uma época em que mudaram duas vezes de treinador e não conseguiram concretizar um projeto alargado e que tinha potencial, os vimaranenses precisavam de vencer o Benfica para garantir o sexto lugar e a presença na segunda pré-eliminatória de acesso à Conference League.

Tal como adiantou logo na antevisão, Jorge Jesus lançava Vlachodimos na baliza, deixando Helton Leite no banco, e manteve os três centrais com o jovem Morato no lugar de Vertonghen. Seferovic voltou a ser aposta, até porque ainda lutava pelo título de melhor marcador, e formava dupla com Darwin, enquanto que Grimaldo, Weigl, Pizzi e Everton eram suplentes e Nuno Tavares, Gabriel e Pedrinho eram titulares. Já Moreno, que fazia o segundo jogo ao leme do V. Guimarães depois de ter substituído Bino — e último, porque o clube já tem tudo acertado com Pepa para que o ainda treinador do P. Ferreira seja o técnico vimaranense em 2021/22 –, não contava com Bruno Varela por lesão e lançava Marcus Edwards, Quaresma, Rochinha e Estupiñan no ataque.

O jogo começou com um ritmo interessante e o V. Guimarães a mostrar, claramente, que ia à procura do golo e da vitória para garantir a presença nas competições europeias do próximo ano. Ainda assim, e apesar de a partida ter sido largamente equilibrada e discutida na zona do meio-campo durante a primeira parte, o Benfica tinha sempre outra intensidade e um esclarecimento superior quando chegava ao último terço. Pedrinho teve o primeiro remate, que Trmal encaixou (8′), Morato obrigou o guarda-redes vimaranense a outra intervenção depois de um cabeceamento na sequência de um canto (10′), Seferovic teve uma enorme oportunidade depois de um erro do guardião mas viu Mumin evitar o golo (11′) e Pedrinho, novamente, voltou a atirar de fora de área para uma defesa fácil (15′).

Do outro lado, apesar de a equipa de Moreno não ter grandes dificuldades para chegar aos últimos 30 metros do meio-campo adversário, os elementos ofensivos do V. Guimarães não estavam a conseguir surpreender a defesa encarnada. Marcus Edwards teve o primeiro momento mais perigoso, com um remate que Vlachodimos encaixou depois de o inglês fazer um movimento da direita para dentro (17′), mas o Benfica rapidamente respondeu com um lance bem desenhado em que Gabriel abriu em Gilberto e o lateral procurou o desvio de Darwin, que chegou atrasado (21′). Apesar de esta ter sido a dinâmica predominante até ao intervalo, a verdade é que o jogo mudou ligeiramente ainda antes da meia-hora: Lucas Veríssimo sofreu uma lesão muscular durante uma aceleração e teve de ser substituído por Vertonghen, o que fez com que os encarnados passassem a atuar com dois centrais canhotos, com Otamendi a ocupar o lado direito do trio e o belga a ficar ao meio.

A lesão do central brasileiro trouxe preocupações a Jorge Jesus, que pensou de imediato na final da Taça de Portugal do próximo domingo, mas também provocou novas dores de cabeça a Nuno Tavares. O lateral esquerdo, que já estava a ter algum trabalho para parar as investidas de Quaresma, contava agora com o apoio do jovem Morato, do lado esquerdo, e com as dobras de Vertonghen, outro canhoto, algo que limitava a capacidade defensiva da equipa. O V. Guimarães percebeu isso mesmo e atacou principalmente pelo corredor direito, ainda que nunca tenha tido uma verdadeira oportunidade de golo durante a primeira parte. As maiores dificuldades defensivas de Nuno Tavares estavam a limitar o potencial ofensivo do lateral e a equipa percebeu isso mesmo: enquanto Sílvio era assistido pela equipa médica, vários jogadores encarnados juntaram-se para dar conselhos e dicas a Tavares, que até ao intervalo voltou a dar apoio ao ataque e ainda teve um remate muito perigoso que passou por cima da baliza (42′).

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do V. Guimarães-Benfica:]

Ao intervalo, V. Guimarães e Benfica estavam ainda empatados sem golos — um resultado que deixava os vimaranenses virtualmente no sétimo lugar e, por consequência, fora das competições europeias. No arranque da segunda parte, nenhum dos treinadores fez alterações e os encarnados não esperaram muito mais para abrir o marcador: num lance muito bem desenhado pela esquerda, que começou em Nuno Tavares, Taarabt abriu na ala em Darwin e o avançado cruzou para a área, onde Seferovic apareceu a desviar de primeira (48′). O avançado suíço teve desde logo outra oportunidade para bisar, com um remate rasteiro que Trmal encaixou (51′), mas acabou por chegar mesmo ao segundo golo pouco depois.

Na sequência de um canto batido na direita, Gabriel desviou de cabeça ao primeiro poste e Seferovic, totalmente sozinho na pequena área, cabeceou para dentro da baliza (58′). O avançado suíço bisou pela nona vez esta temporada, um recorde pessoal, e aumentou a vantagem no topo da lista de melhores marcadores da Primeira Liga — Pedro Gonçalves, que mais tarde entraria em campo contra o Marítimo, estava obrigado a fazer três golos para alcançar a distinção. Logo depois do segundo golo, Jorge Jesus começou a mexer e fez uma tripla alteração, com as entradas de Pizzi, Everton e Chiquinho para os lugares de Taarabt, Darwin e Pedrinho e Moreno respondeu com Bruno Duarte, que rendeu Rochinha.

Ainda assim, e ligeiramente contra a corrente do jogo — o Benfica estava a procurar o terceiro golo, o V. Guimarães já não tinha grande discernimento –, os vimaranenses conseguiram reduzir e relançar a partida. Na sequência de um canto batido por Quaresma na esquerda, Jorge Fernandes saltou mais alto do que todos os outros e conseguiu marcar (63′). Moreno voltou a mexer e lançou André Amaro e André Almeida, motivando um período positivo da equipa em que Estupiñan ficou muito perto de empatar, com um remate ao lado à saída de Vlachodimos (73′). Face ao caráter algo imprevisível da partida, até porque o V. Guimarães tinha agora mais bola e o Benfica demonstrava algumas dificuldades para estancar por completo as investidas adversárias, Jorge Jesus tirou Nuno Tavares e colocou Grimaldo, procurando manter a equipa totalmente ligada ao jogo.

Até ao fim, e aproveitando a total exposição do V. Guimarães, o Benfica ainda engordou o resultado e chegou ao terceiro golo, por intermédio de Everton — que recebeu de Grimaldo e ainda pensou em assistir Seferovic mas acabou por decidir atirar à baliza (90+1′). No fim, os encarnados terminaram a Liga com mais uma vitória, partindo para a final da Taça de Portugal num contexto positivo mas com dúvidas face à disponibilidade de Lucas Veríssimo, enquanto que o V. Guimarães falha as competições europeias (onde vai o Santa Clara). Pelo meio, Seferovic voltou a marcar duas vezes, isolou-se no topo da lista dos melhores marcadores e mostrou a todos no clube o que é a humildade. Uma humildade que é o golo e que apareceu 22 vezes esta temporada.

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