O dirigente do PEV José Luís Ferreira defendeu este domingo que “os verdadeiros ecologistas têm de ser de esquerda”, criticando aqueles que “dizem não ser de direita nem de esquerda”, e rejeitou “fundamentalismos” e “fúrias proibicionistas”.
No encerramento da 15.ª Convenção do Partido Ecologista “Os Verdes” (PEV), em Lisboa, José Luís Ferreira realçou, por outro lado, a antiguidade da ação política deste partido, criado em 1982 e que tem concorrido a eleições coligado com o PCP através da CDU.
“Não estivemos à espera que as alterações climáticas dessem votos ou entrassem na esfera mediática para o assunto merecer a nossa preocupação. E o mesmo se diga, aliás, relativamente ao bem-estar animal, também não estivemos à espera que desse votos para nos preocuparmos com o assunto”, afirmou o dirigente do PEV, perante os delegados reunidos no Fórum Lisboa.
“Os Verdes” apresentaram em 2001 uma iniciativa legislativa sobre o Protocolo de Quioto e o combate às alterações climáticas e propuseram em 1988 uma lei de bases de proteção dos animais não humanos, referiu.
José Luís Ferreira é um dos dois deputados do PEV na Assembleia da República nesta legislatura. O PAN (Pessoas-Animais-Natureza), partido criado em 2009, está representado no parlamento desde 2015 e tem atualmente uma bancada com três deputados.
Na sua intervenção, o dirigente do PEV considerou que a integração da Coligação Democrática Unitária (CDU) é a “melhor forma de afirmar o projeto ecologista em Portugal” e argumentou que “não haverá nunca equilíbrio ambiental se não houver justiça social”.
“É também por isso que afirmamos que os verdadeiros ecologistas têm de ser de esquerda”, acrescentou.
Sem mencionar ninguém, José Luís Ferreira prosseguiu: “Nada temos a esconder. Não pertencemos ao lote daqueles que se dizem não ser de direita nem de esquerda, que são tudo e nada ao mesmo tempo. Não. Nós somos ecologistas, nós somos de esquerda”.
“Assim havemos de continuar, determinados a prosseguir estas e outras batalhas que a nosso ver possam contribuir para mais equilíbrio ambiental e mais justiça social. Sem fundamentalismos, mas com sentido de responsabilidade. Sem fúrias proibicionistas, nem ataques penalistas, mas com bom senso. Sem populismos, mas com coerência. Sem cinzentismos, mas com respostas verdes”, declarou.
Antes, José Luís Ferreira pediu a todos os delegados nesta Convenção que procurem “trazer mais gente” para o PEV: “Se cada um de nós trouxer mais três pessoas pelo menos até à próxima Convenção, essa responsabilidade representaria um excelente contributo para o fortalecimento do partido”.
A meio do seu discurso, o dirigente do PEV reivindicou para a CDU um papel fundamental na noite eleitoral de outubro de 2015 que antecedeu a formação de um Governo minoritário do PS com apoio à esquerda no parlamento, apesar de a coligação entre PSD e CDS-PP ter sido a força a mais votada.
Segundo José Luís Ferreira, a CDU “fez renascer a esperança de colocar um fim às políticas de massacre social que o PSD e o CDS se preparavam para continuar”, enquanto “o Bloco festejava o seu resultado eleitoral e [o então Presidente da República] Cavaco Silva não escondia o seu entusiasmo” e enquanto “o PS dava os parabéns ao PSD e ao CDS”.
A 15.ª Convenção do PEV contou com cerca de 200 delegados – menos 40% do que em 2018, devido à conjuntura de pandemia de covid-19 – que se reuniram no Fórum Lisboa entre sábado e domingo, sob o lema “Emergência Ecológica – Respostas Verdes”.
Ao contrário de outros partidos, o PEV não tem um líder. Reúne-se em Convenção de três em três anos, para eleger o Conselho Nacional, responsável pelo “desenvolvimento e orientação” do partido, a Comissão Nacional de Fiscalização de Contas e a Comissão de Arbitragem.
O Conselho Nacional elege depois de entre os seus membros a Comissão Executiva Nacional, “o órgão político permanente” do PEV.