O secretário-geral do PCP classificou este sábado de “condenável” a decisão do Governo britânico de tirar Portugal da “lista verde” de viagens internacionais e pediu que o processo de vacinação no país seja “mais rápido”.

“O setor do turismo viu-se confrontado com uma situação com que já não se contava. A decisão do Governo do Reino Unido de impor novas deslocações para Portugal é condenável”, afirmou Jerónimo de Sousa, durante um comício da CDU com a candidata do partido, Cláudia Marinho, à Câmara Municipal de Viana do Castelo.

Na terça-feira, o ministro dos Transportes, Grant Shapps, confirmou que Portugal vai sair da “lista verde” de viagens internacionais no Governo britânico devido à descoberta de novas variantes e ao aumento do número de infeções nas últimas semanas.

Shapps disse que o Governo quer garantir que o país não importa mais variantes que ponham em causa o plano de desconfinamento, nomeadamente a quarta etapa prevista para 21 de junho, quando se espera que sejam levantadas todas as restrições.

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Os países na “lista amarela” estão sujeitos a restrições mais apertadas, nomeadamente uma quarentena de 10 dias na chegada ao Reino Unido e dois testes PCR, no segundo e oitavo dia, enquanto a “lista verde” isenta de quarentena os viajantes que cheguem a território britânico.

Num comunicado, o Governo britânico referiu que, de acordo com a base de dados europeia GISAID, foram identificados em Portugal 68 casos da variante Delta (B1.617.2, identificada pela primeira vez na Índia), “incluindo alguns casos da variante Delta com uma mutação adicional, potencialmente nociva”.

Na quinta-feira à noite, o microbiologista do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) João Paulo Gomes disse que em Portugal foram detetados apenas 12 casos da mutação da chamada variante indiana de covid-19.

“As consequências não são apenas no plano do turismo, mas também nas implicações negativas para a comunidade emigrante portuguesa que ali reside e trabalha, assim como para muitos britânicos que têm habitação no nosso país”, alertou Jerónimo de Sousa.

No discurso de mais de 20 minutos que proferiu no jardim público de Viana do Castelo, e que juntou cerca de 200 pessoas, umas sentadas em cadeiras que o partido instalou no corredor central do espaço, e outras distribuídas pelos espaços verdes, o secretário-geral do PCP disse que o impacto resultante da decisão britânica “põe em evidência, no plano económico e, em particular, no turismo, pelo seu peso e importância, os riscos da dependência, associada a uma reduzida diversificação dos mercados turísticos emissores”.

“Esta situação vulnerabiliza o país e a sua soberania que é preciso recuperar”, observou.

O líder comunista defendeu ainda a “necessidade de se tomarem medidas em relação à vacinação da população, superando os atuais constrangimentos impostos pela União Europeia e aceites pelo Governo português de aquisição de mais vacinas já referenciadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e assim garantir a vacinação rápida para todos”.

“É inaceitável esta teimosa persistência de limitar a compra de vacinas apenas a certos grupos farmacêuticos monopolistas”, criticou.