“Hoje tudo sabe a pouco nesta altura. Amanhã vamos começar a pensar no trajeto todo que fizemos e vamos ver que foi uma coisa absolutamente notável, mas hoje tudo vai saber a pouco. Já aconteceu no passado, voltou a acontecer hoje e temos de nos levantar”, lamentou Rui Jorge. Fábio Vieira tinha acabado de receber o prémio de MVP da fase final mas nem esse prémio serviu quase de “consolação”. Nem ao selecionador Sub-21, nem ao jogador do FC Porto. E foi o insucesso coletivo que continuou a pesar mais em relação ao sucesso individual.

A Geração de Ouro fechou um livro sem o último capítulo (a crónica do Alemanha-Portugal)

“Sabe a pouco, o objetivo era ganhar o Europeu. Fizemos um belíssimo trajeto, uma qualificação bastante difícil, uma fase de grupos fantástica, o mesmo nos quartos e meias-finais… Na final sabíamos que ia ser mais um jogo difícil, eles mostraram que são uma grande equipa tal como nós e o jogo foi definido em pormenores. Ambas podiam vencer mas eles saíram por cima”, comentou o médio ofensivo, que se tornou apenas o terceiro jogador português a ganhar o prémio de MVP da fase final do Europeu Sub-21 depois de Figo e William Carvalho.

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“Falhámos algumas oportunidades em que poderíamos ter feito golo mas no futebol isso acontece. Às vezes quem é mais eficaz é quem ganha. Eles marcaram e nós não, infelizmente. Acho que não se trata de sorte ou azar, eles foram mais eficazes e nós pecámos na finalização. Somos vice-campeões europeus mas sabe a pouco. Lutamos por títulos. Para o ano cá estaremos outra vez”, completou o esquerdino de 21 anos.

O Fábio [Vieira] é um jogador tecnicamente evoluído mas precisa de melhorar alguns aspetos no jogo para ser um jogador completo. Ele sabe disso, vai trabalhar nisso. É um jogador com um futuro enorme, se assim o entender. Acredito que ele quer ser o jogador que pode vir a ser. Estamos perante um grande jogador no futuro”, comentou Rui Jorge sobre o esquerdino.

Depois de 12 vitórias consecutivas nesta campanha do Europeu Sub-21, cinco das quais já na fase final, e perante uma Alemanha com quem Portugal tinha uma vantagem histórica de três vitórias noutros tantos jogos nesta categoria, Portugal acabou por perder a terceira final e voltou a falhar o único título continental em falta.

“Foi um jogo equilibrado, em que ambas as equipas se ressentiram em termos físicos. Poderia ter sido mais bem jogado se as equipas estivessem no pleno das suas capacidades. Não deixou de ser emotivo, com muitas ocasiões de golo. Ambas demonstraram que têm excelentes jogadores e que queriam muito levar o troféu para casa. Lance do Vitinha antes do intervalo? É evidente que oportunidades flagrantes neste tipo de jogos fazem falta. É uma questão de discernimento, o cansaço às vezes faz tomar decisões mais erradas, mas é um lance normal do jogo. O Vitinha fez um Campeonato tremendo, desta vez não deu para marcar. O Gonçalo Ramos não podia entrar mais cedo? Podia, mas achei que a equipa estava mais equilibrada assim. Ao colocar o Gonçalo, ficaríamos numa situação de muito risco a nível defensivo”, começou por explicar Rui Jorge na zona de entrevistas rápidas da RTP, antes de fazer também um balanço de toda a competição e de nova derrota na decisão.

“Foi muito, muito bom. Não consigo dizer que foi brilhante, porque não vencemos hoje. Mas os jogadores deram tudo e tentaram tudo até ao fim, não podem acusar os jogadores de absolutamente nada. O que sinto? Só com o passar dos anos é que as pessoas vão tomar consciência da dificuldade de que é atingir uma final de um Europeu Sub-21. Já tivemos duas [2015 e 2021] e caímos, voltámos a levantar. Hoje voltámos a levar um soco dos grandes, mas teremos de nos levantar outra vez”, acrescentou o selecionador nacional Sub-21.