Tudo começou com um gesto de Cristiano Ronaldo. Um gesto que teve até o seu quê de esvaziar o ambiente de uma sala vazia antes de nova conferência por Zoom com sala vazia, já depois de ter passado pelas zonas de entrevistas rápidas. No entanto, mal sabia o avançado português que, ao tirar duas garrafas de Coca-Cola para o lado e colocando à sua frente uma outra garrafa mas de água iria abrir uma autêntica rábula com episódios diários. Nessa altura, e por ter sido seguido por Pogba mas na cerveja, tornou-se o “garrafagate”. Agora, a melhor forma de falar sobre o tema é chamar a tudo isto o “Jogo da Garrafa”. E com diferentes formas de jogar.

Dia 1. Cristiano Ronaldo deu o mote, criando quase uma Teoria do Caos a esse propósito num simples bater de asas ao tirar da mesa duas garrafas de Coca-Cola que se tornou num autêntico tufão de reações de várias partes;

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Dia 2. Paul Pogba, considerado o Melhor Jogador em Campo no França-Alemanha, sentou-se na sala de imprensa e tirou da mesa uma garrafa de Heineken, principal patrocinadora desse prémio no Europeu;

Dia 3. Stanislav Cherchesov, treinador da Rússia que estava visivelmente satisfeito com o triunfo frente à Finlândia em São Petersburgo, aproveitou um compasso de espera nas perguntas para agarrar nas sempre presentes Coca-Colas, abriu a carica de uma garrafa com a outra e bebeu um bocado antes de responder;

Dia 3. Manuel Locatelli, eleito também o MVP do Itália-Suíça, quis também entrar no desafio e afastou também duas garrafas de Coca-Cola na mesa de conferências de imprensa após o final do encontro.

Chegámos a este dia 4 e houve mais um elemento que quis brincar ao “Jogo da Garrafa”. Mais do que isso, teve um guião diferente para entrar nesta rábula. E com muita boa disposição à mistura.

Acabado de ser considerado o Melhor Jogador em Campo na vitória da Ucrânia frente à Macedónia do Norte, com 60 minutos avassaladores antes de perder o gás e acabar por ser substituído, o avançado do West Ham passou pela conferência de imprensa, abordou o jogo e, quando se preparava para sair, deu um passo atrás. “Posso só fazer uma coisa? Vi o Ronaldo a fazer isso”, começou a dizer enquanto agarrava nas garrafas que tinha à sua frente. “Quero pôr as Coca-Colas aqui, quero pôr a cerveja aqui [Heineken]. Por favor, contactem-me”, disse enquanto se ria, algo que nem a tradutora conseguiu disfarçar também. “Obrigado a todos… E agora vou levar o meu prémio”, rematou, enquanto agarrava no troféu de MVP e saía da sala de imprensa em Bucareste.

Esta quinta-feira, a própria UEFA tinha pedido para que se acabasse com a questão das garrafas. “Ronaldo fez primeiro, depois Pogba, por motivos religiosos [é muçulmano]. Comunicámos com as federações envolvidas, lembrámos que as receitas dos patrocinadores são importantes para o torneio e para o futebol europeu”, disse Martin Kallen, diretor do Euro 2020, numa videoconferência com vários órgãos de comunicação social.