“Olá, boa tarde, foi sorteado com um bilhete duplo para ir a um jogo do Euro 2020 com tudo pago.”
O que acontecia se recebesse uma mensagem assim no telefone? Primeiro, ficava feliz. Depois, escolhia a melhor companhia para a viagem. A seguir, imaginava o melhor jogo. Portugal em Munique ou em Budapeste. Itália em Roma. Espanha em Sevilha. Inglaterra em Wembley. Países Baixos em Amesterdão. A lista de possibilidades seria longa mas lá em baixo, quase mesmo no fundo, estaria no plano teórico o Ucrânia-Macedónia do Norte em Bucareste. Pela valia das equipas, pelo grupo, por serem as duas equipas que perderam na estreia, talvez pela cidade (mas aqui é uma mera questão de gosto). Escolha errada: foi uma bela jogatana de futebol.
Os ucranianos começaram a todo o gás, a encontrar espaços entre linhas, a aproveitar as diagonais da esquerda para o meio de Malinovskyi (remate para grande defesa de Dimitrievski para canto logo aos oito minutos), a explorar as características de Yaremchuk e a capacidade de ganhar a profundidade como aconteceu também a abrir, vendo depois Ristovski fazer o corte de carrinho (11′). Os macedónios reagiram, chegando duas vezes ao último terço e vendo um desvio de Elmas ao primeiro poste bater nas malhas laterais (16′). O jogo estava partida, intenso e rápido, tanto que com apenas 20 minutos Nikolov já estava como se tivesse corrido uma maratona. Era uma questão de tempo até haver golos e não demoraram a surgir: Yarmolenko inaugurou o marcador ao segundo poste após um canto combinado (29′), Yaremchuk aumentou após uma grande jogada coletiva (34′).
A Ucrânia tinha o jogo na mão, apesar de uma ameaça de Ademi para grande defesa de Bushchan (47′), teve até duas oportunidades para dilatar ainda mais o avanço no marcador mas acabou a sofrer por culpa própria pelo recuo das linhas, pela perda de agressividade ofensiva e pela quebra física de alguns elementos. A Macedónia do Norte conseguiu chegar ao golo por Aliovski, na recarga a um penálti ganho por Pandev na sequência de um lance onde a bola bateu na trave, e ganhou outra força para melhorar o seu jogo, ter mais posse e acreditar que poderia chegar ao empate, o que não aconteceu. A última imagem dos ucranianos não foi a melhor mas esta geração Y (de Yarmolenko e Yaremchuk) tem futebol para ultrapassar a Áustria na última jornada dos grupos e entrar de outra forma nos oitavos. Problema? Mais uma vez foi intermitente e desligada em alguns momentos.
O jogo a três toques
Para recordar
Mais um jogo, mais um golo de Yarmolenko, mais um golo de Yaremchuk. À semelhança do que já tinha acontecido com os Países Baixos, onde bastaram cinco minutos com maior capacidade de chegada à área para marcar dois golos (antes de sofrer o terceiro de Dumfries e perder), foram os avançados que desequilibraram na frente e materializaram uma ideia de jogo ofensiva, que gosta de ter bola, que joga em toda a largura do campo e que tem jogadores que conseguem depois resolver de forma individual. E se no caso de Yarmolenko falamos de um jogador já batido nas principais ligas europeias, que já passou pelo B. Dortmund e que está desde 2018 no West Ham a brilhar na Premier League, no caso de Yaremchuk, que também fez a formação no Dínamo Kiev, o Gent e a liga belga começam a ser demasiado pequenos para o um 9 puro com apenas 25 anos…
???????? Andriy Yarmolenko & Roman Yaremchuk have both scored in each of Ukraine’s last 3 matches ⚽️⚽️#EURO2020 pic.twitter.com/v9eH8k6bd0
— UEFA EURO 2024 (@EURO2024) June 17, 2021
Para esquecer
Quando íamos apenas com 20 minutos jogados, Nikolov (que saíria ao intervalo) já não aguentava mais o ritmo e estava de língua de fora. Antes e depois, Velkovski já tinha sido ultrapassado de uma forma quase infantil por Yaremchuk e Mustiu em algumas ocasiões nem sabia ao certo os terrenos que devia pisar perante a mobilidade do ataque ucraniano. Sobrava apenas Ristovski, antigo lateral do Sporting que muitas vezes fechava como o terceiro central descaído sobre a direita e andava nas dobras aos companheiros recuados. O grande calcanhar de Aquiles da Macedónia do Norte é a defesa e, quando esteve para isso, a Ucrânia, fez o que quis no último terço, mesmo contando com um Dimitrievski na baliza que até uma grande penalidade conseguiu defender (84′).
???????? North Macedonia make one change from the defeat against Austria, with Spirovski replacing Trajkovski…@ffmmkd | #EURO2020
— UEFA EURO 2024 (@EURO2024) June 17, 2021
Para valorizar
Depois de uma primeira época de (boa) adaptação à Serie A, Malinovskyi deu o salto no segundo ano ao serviço da Atalanta, ganhando um protagonismo maior depois da saída de Papu Gómez para o Sevilha. Foi essa evolução que se viu neste encontro com a Macedónia do Norte: com mais espaço em relação ao encontro com os Países Baixos, conseguiu encontrar bola entre linhas, vestiu um papel fulcral a assistir os companheiros da frente (o canto do primeiro golo nasce num lance desses), arriscou também a meia distância de bola parada e corrida e foi a parte mais criativa de um ataque móvel, com qualidade e que leva já quatro golos em dois jogos do Europeu, apesar de ter falhado uma grande penalidade a seis minutos do final do encontro (defesa de Dimitrievski).
???????? Ucrânia 2-0 Macedónia do Norte ????????????????????????????????
GoalPoint Ratings @ 45’
???? Ruslan Malinovskyi #UKR 7.1 ????
???? Roman Yaremchuk #UKR 6.6
???? Oleksandr Zinchenko #UKR 6.5
???? Ezgjan Alioski #MKD 4.5#EURO2020 #UKRMKD #EUROTotoRating #RatersGonnaRate pic.twitter.com/2CgbGUKc1y— GoalPoint (@_Goalpoint) June 17, 2021