Portugal não entrava a ganhar numa fase final de uma grande competição desde 2008 e tornou-se, com a vitória frente à Hungria, apenas a sexta seleção campeã europeia em título a entrar com o pé direito na edição seguinte do Campeonato da Europa. Contudo, e logo depois do apito final contra os húngaros, era impossível não olhar para o futuro com parcimónia: afinal, o adversários seguintes eram os dois últimos campeões do mundo.

E é por isso que Fernando Santos, na antevisão da partida deste sábado contra a Alemanha, explicou que é necessário “não ir do oito ao 80” no que toca à confiança — ou seja, não achar que Portugal é agora favorito e que a Alemanha, por ter atravessado um período menos bem sucedido nos últimos anos, não pode dar problemas. “Eu acho é que Portugal, a partir de certo momento, passou a ser mais respeitado. As outras seleções tinham consideração por Portugal mas, no fundo, acreditavam que eram mais fortes. Agora já não há nenhuma equipa no mundo que vá defrontar Portugal e que acredite que vai vencer facilmente. Agora passar para o lado oposto… Esta equipa da Alemanha é uma equipa fantástica, tipo rolo compressor. Não tenho medo da Alemanha mas as equipas vão respeitar-se. Achar que somos favoritos contra a Alemanha na Alemanha é passar do limite. Temos de ser muito fortes em todos os momentos e ir melhorando o que fizemos contra a Hungria, ser capazes de defender muito bem e mostrar capacidade para ter oportunidades. Se estivermos atentos ao jogo da Alemanha com a França, vimos que empurraram a França. O resultado final retira um pouco o que foi o jogo. É um jogo muito importante para nós. Queremos ter bola e não a perder muitas vezes”, disse o selecionador nacional.

Fernando Santos, o motorista da equipa que passou por uma fase de “ansiedade” mas “empurrou, empurrou, empurrou”

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Fernando Santos indicou também que não é possível comparar a partida contra a Hungria a esta partida, até porque a qualidade individual de uma e outra equipa “não tem nada a ver com nada”, e comentou o que espera da Alemanha em termos ofensivos, principalmente no que toca à profundidade. “Gnabry e Sané são muito rápidos, Havertz e Werner também, se jogarem. E Kroos, Gündoğan, Kimmich e até Hummels têm uma grande capacidade de passe. Mas não foi por aí que criaram oportunidades contra França. É uma equipa que gosta de explorar isso. A França retirou todos os espaços de profundidade, França fez um jogo fantástico em termos táticos. O jogo da profundidade da Alemanha, mesmo em ataque organizado, surpreende os adversários com passes de Kroos, por exemplo. O jogo é repartido entre ter bola e não ter bola ou transições. Uma arma fundamental é ter bola e obrigá-los a estar longe da baliza”, acrescentou o treinador português, que ainda deixou algumas ideias sobre a possibilidade de Joachim Löw alterar o sistema tático.

“No jogo com a França, que eu vi com muita atenção, houve momentos em que o Kimmich jogou mais por dentro, de forma dinâmica e ser o que o papel diz. Podem jogar em 4x3x3 ou 3x4x3. Temos de estar preparados para o que o adversário nos apresentar”, disse Fernando Santos, que garantiu ainda que o facto de Portugal fazer em Munique o segundo jogo fora “tem de motivar a equipa toda”. “Tem de motivar os que jogam de início e os que entram depois. Motivação e vontade de ganhar é o que vem da alma e é muito importante, mas é preciso saber como ganhar. Se jogarmos só com o coração não vamos lá”, explicou. O selecionador nacional deixou ainda a certeza de que Nuno Mendes, que sofreu uma mialgia na perna esquerda e já não treinou esta quinta-feira ainda em Budapeste, não está apto para o jogo e não vai estar sequer no banco de suplentes.

Depois da conferência de imprensa de antevisão, Portugal realizou então o último treino antes da partida contra a Alemanha, no relvado do Allianz Arena. Os jogadores estiveram divididos em dois grupos e realizaram exercícios com bola, enquanto que os três guarda-redes fizeram trabalho específico. Nuno Mendes, naturalmente, foi o grande ausente.