Marco Rossi, o selecionador da Hungria, decidiu utilizar uma espécie de metáfora para elogiar a Seleção Nacional na conferência de imprensa de antevisão do jogo entre as duas equipas. Portugal, disse o treinador, tem tanta qualidade e tantos bons jogadores que até poderia ser orientado “pelo motorista ou pelo rapaz que trata dos equipamentos”. Mas Portugal, desde 2014, é orientado por Fernando Santos. E Fernando Santos também parte da qualidade da Seleção.

“Ouvi isso com toda serenidade. Tenho um grande respeito por todos os meus colegas mas também tenho pelos motoristas e pelos técnicos de equipamentos. Posso dizer que tenho um orgulho enorme em ser o motorista desta equipa”, atirou o selecionador nacional ainda na flash interview, onde acabou por destacar que a vitória portuguesa contra a Hungria, na estreia no Euro 2020, foi “justa”. “A Hungria remeteu-se muito atrás, também obrigada por Portugal, que empurrou, empurrou, empurrou… Se fizéssemos um golo, a Hungria tinha de abrir. Na segunda parte entrámos bem novamente mas houve ali um período de ansiedade, porque o tempo passa e há o querer fazer mais depressa. Mas recompusemo-nos bem”, acrescentou.

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Alguns minutos depois, já na conferência de imprensa virtual, acabou por detalhar mais a exibição portuguesa. “Eu acho que Portugal fez um bom jogo, vitória justa, justíssima. Uma primeira parte muito bem conseguida, em posse, a procurar variação, entrar. Podíamos ter aproveitado mais a profundidade, que tentámos. Controlámos o jogo. Muito por responsabilidade de Portugal, a Hungria não conseguiu jogar subida. Acabou a defender nos últimos 30 metros. Portugal recuperou bem a bola e criámos quatro, cinco oportunidades de golo. O golo era fundamental. Na primeira parte foi o que faltou”, explicou, revelando depois que ao intervalo disse aos jogadores que “era preciso manter a cabeça e o coração a funcionar e aumentar o ritmo”.

Sobre as substituições eventualmente tardias — só mexeu a 20 minutos do fim, para tirar Bernardo e lançar Rafa –, Fernando Santos defendeu que a equipa estava “a jogar bem, a controlar, a dominar o adversário”. “A partir do momento em que a equipa começou a entrar em ansiedade era a altura certa para mudar, meter outros movimentos no jogo. Com o Rafa as coisas abriram mais. Depois pareceu-me importante dar espaço ao Raphaël, por isso tirei o Jota e meti o Ronaldo um pouco mais à esquerda. E coloquei o Renato no meio-campo para conduzir a bola, era importante conduzir de forma mais vertical”, disse o treinador, que detalhou também o que pediu a Rafa, de forma mais específica, quando o jogador do Benfica entrou em campo.

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“Nessa altura pareceu-me que Portugal precisava de velocidade e capacidade de entrar de trás e envolvência com a bola e não muita gente na frente. Precisávamos de imaginação e verticalidade, foi isso que pedi ao Rafa. O Bernardo estava a fazer muito bem mas mais em posse. Precisávamos de mais entrada com bola”, atirou, justificando também o porquê de ter lançado Rafa e não João Félix ou André Silva, que estavam no banco. Por fim, o selecionador comentou ainda o facto de a Puskás Arena ter contado com mais de 60 mil pessoas nas bancadas, naquele que foi o jogo de futebol europeu com mais público desde o início da pandemia.

“Foi muito bom, muito bom. O futebol sem espectadores… Eu nem sei explicar. Quem joga a este nível quer jogar com público, sejamos nós ou o adversário. Não posso deixar de agradecer aos quatro mil de Portugal, que eu bem que os ouvi. Havia muitos portugueses e dos bons, já no outro Campeonato na Europa [2016] era assim. Éramos poucos mas bons”, terminou Fernando Santos.