A ex-ministra do Mar Ana Paula Vitorino foi aprovada pela Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública (CRESAP) para liderar a Autoridade de Mobilidade e Transportes, avançou esta terça-feira o ECO. Contactada pelo Observador, Ana Paula Vitorino escusou-se a fazer qualquer comentário sobre o processo que a leva à presidência do regulador dos transportes.

Segundo a TVI, que confirmou a informação, a deputada socialista “passou na avaliação de currículo e na entrevista pessoal”, sendo que vai auferir no novo cargo um salário bruto de 8.250 euros. Vai suceder a João Fernando Amaral Carvalho.

Já o ECO indica que o parecer tem seis página e a data de 2 de junho. “Existem evidências da presença de competências técnicas e comportamentais que sustentam uma apreciação muito positiva para o desempenho do cargo em causa”, considera a CRESAP no documento, que não consta ainda na secção de “pareceres emitidos” no site da comissão. Ana Paula Vitorino foi secretária de Estado dos Transportes

Escolha de Ana Paula Vitorino para a AMT garante “independência face aos regulados”, diz ministro

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Já depois de estalar a polémica em relação à nomeação de Ana Paula Vitorino para a AMT, o ministro da tutela, Pedro Nuno Santos, considerou que a escolha da ex-ministra (que foi sua) garante “independência face aos regulados”.

O parecer da CRESAP não faz referência a eventuais conflitos de interesses por Ana Paula Vitorino ter sido ministra do primeiro Governo de António Costa.

Ainda no primeiro governo de Costa estalou a polémica conhecida por “Family Gate” devido às relações familiares no executivo, entre elas o então ministro da Segurança Social, José Vieira da Silva, e a filha, Mariana Vieira da Silva, mas também de Ana Paula Vitorino e o marido, Eduardo Cabrita (que tinha e ainda mantém a pasta da Administração Interna).

Em agosto de 2019, em entrevista ao Observador, Ana Paula Vitorino minimizou a polémica do “Family Gate”, mas deixou um recado: não quereria fazer parte de um governo que optasse entre um e outro devido a eventuais conflitos de interesse.

“Se chegar a esse ponto, não quererei fazer parte de um governo que discrimine as pessoas dessa maneira. Eu e o Eduardo temos carreiras completamente distintas, autónomas, que construímos ao longo de uma vida”, disse então.

Ana Paula Vitorino, ministra do Mar e mulher do MAI. “Sou a maior crítica do Eduardo [Cabrita]”

O presidente do PSD, Rui Rio, criticou duramente e pediu explicações sobre a indicação de Ana Paula Vitorino para presidir à AMT “com um salário ainda maior”.

“Trata-se de uma nomeação feita pelo Governo da esposa de um outro ministro (Eduardo Cabrita), que não o que nomeia (Pedro Nuno Santos), mas, mais relevante do que isso, de uma deputada do PS”, afirmou, ressalvando não pôr em causa as competências técnicas da antiga ministra do Mar.

Rio diz que, se não estão em causa as suas competências técnicas, também não põe em causa que “entre dez milhões de portugueses haja outros igualmente competentes”.

O ECO salientou ainda que, na entrevista presencial, a ex-ministra garantiu que “cessará a função de deputada, que é incompatível com a função de presidente do Conselho de Administração da AMT”.