Lazlo Bölöni, penúltimo treinador a ser campeão pelo Sporting, decorria a época 2001/2002, conhece como ninguém a história de um jogador muito particular na história do futebol mundial: Cristiano Ronaldo. Foi o técnico romeno que lançou o capitão da Seleção na equipa principal dos leões e sabe bem o percurso do craque.

Em entrevista ao jornal francês L’Équipe (conteúdo fechado), Bölöni, de 68 anos, contou que Ronaldo não aceitava ser pior do que o “Super Mário” da altura, Jardel. Faz até uma distinção entre CR7 e Ricardo Quaresma, jogador que o romeno também lançou. “O Quaresma gostava imenso do espetáculo. O Cristiano também gostava, mas estava mais focado em ser o melhor do Mundo. Os treinos acabavam sempre com os avançados e eu concentrava-me no Jardel, no João Pinto, no Niculae e nele. O Cristiano nunca superava o Jardel e não aceitava isso. Ele dizia ‘Vamos mister, mais uma série, mais uma série. O Cristiano tem uma arrogância e um egoísmo típicos dos avançados'”, referiu o romeno.

A acompanhar o Euro 2020, Bölöni falou ainda sobre o França-Portugal, mais concretamente sobre dois grandes jogadores. O técnico treinou também um craque francês do Real Madrid, Varane, então no Lens, e recorda o apoio familiar que este tinha, tal como aconteceu com Ronaldo. Contudo, há diferenças. “Foi fantástico conversar com os pais do Varane, no Lens. Perguntaram-me de maneira tímida: ‘Acha que o nosso filho chegará longe?’. Com a mãe do Ronaldo foi a mesma coisa, na Madeira. Por trás destes meninos havia uma grande e forte relação de amor com os pais. Chegaram longe, sem dúvida, e acredito que a família deu-lhes a calma necessária no desporto de alto rendimento”, disse o técnico campeão pelo Sporting e que ainda conquistou uma Taça de Portugal e uma Supertaça, na temporada que marcou a última dobradinha dos leões.

Em Budapeste, onde Portugal defrontará a França, Bölöni falou ainda aos jornalistas portugueses e, de acordo com o Mais Futebol, contou como é que Pepe, um dos esteios da seleção nacional nos últimos anos, não ficou nos leões depois de um período de testes: “O Pepe chegou do Marítimo e mal começou a dar nas vistas nos jogos de preparação eu perguntei aos dirigentes do Sporting se o podíamos contratar”. Segundo o romeno a resposta foi algo no âmbito de “há algumas dificuldades, mas ele fica”. No entanto, e como bem se sabe, não ficou…

“Quando ouvi ‘dificuldades’ disse aos jornalistas que não queria o Pepe, mas sim um central romeno que ia ser melhor. Porque as pessoas do Marítimo também liam jornais. O Pepe entrou, jogou bem e o Marítimo já pedia muito dinheiro por ele. Quando ele foi ao meu gabinete e ficámos só os dois, ele mostrou-se triste, zangado e nervoso”, revelou Bölöni, que ainda o tentou contratar para o Rennes, “mas apareceu o FC Porto e levou-o”.

“[Pepe] veio ao meu escritório e implorou, porque tinha muita vontade de ficar. Foi terrível para ele ter de fazer as malas”, disse ainda ao L’Équipe sobre o mesmo tema.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR