Quarenta e dois líderes das maiores empresas anunciaram na terça-feira a criação de uma nova associação empresarial que propõe “uma nova ambição para Portugal” e quer voltar a colocar no Top 15 europeu da riqueza per capita.
A associação Business Roundtable Portugal (BRP) propõe-se assim contribuir para que Portugal cresça “muito mais do que tem crescido”, tendo a ambição de regressar ao Top 15 europeu de riqueza per capita, através da valorização e qualificação dos portugueses, do apoio à criação, desenvolvimento e ganhos de escala das empresas e de melhorar o desempenho do Estado como facilitador da atividade económica e de criação de riqueza para toda a sociedade.
A BRP — que se declara “independente e apolítica” — será presidida por Vasco de Mello (grupo José de Mello) e contará com Cláudia Azevedo (Sonae) e António Amorim (Corticeira Amorim) como vice-presidentes. Na apresentação da nova entidade, Vasco de Mello declarou que a associação nasceu de um grupo de empresários “preocupados com a falta de crescimento do país”, não tendo qualquer intenção de se substituírem a qualquer confederação ou associação empresarial existente.
No conjunto, as empresas reunidas na BRP — nos setores da agroindústria, automóvel, azeites e óleos alimentares, banca e seguros, construção, cortiça, energia, indústria, madeira, media, papel, químicos/farmacêutica, retalho, saúde, tecnologia/software, telecomunicações, têxtil, transportes, logística e mobilidade, turismo, vidro e vinho — representam 82 mil milhões de euros de receitas acumuladas, mais de 45 mil milhões dos quais investidos no estrangeiro, e empregam 382 mil trabalhadores.
Queremos que pequenas e médias empresas sejam grandes e que grandes empresas sejam globais”, disse o empresário.
Vasco de Mello lembrou “o momento único na história, com grandes repercussões a nível social e económico” e a necessidade de agir ao nível das pessoas, das empresas e do Estado e de traçar um rumo do país para os próximos anos. Para isso, explicou, serão constituídos grupos de trabalho para estudar as propostas concretas a apresentar para cada área, com o objetivo de “equilibrar o trabalho académico com o pragmatismo do mundo das empresas”.
A associação pretende, desta forma, intervir ao nível dos sistemas de formação e requalificação das pessoas, no aumento de escala do tecido empresarial português e dar um contributo para reforçar o papel do Estado enquanto promotor e dinamizador da economia.
Empresários portugueses criam nova associação para melhorar economia portuguesa
Na sessão, Cláudia Azevedo referiu-se à necessidade de as pessoas estarem no centro deste processo e de serem lançadas as bases para uma rutura com um sistema de educação, requalificação e formação que coloca Portugal em último lugar.
Já António Amorim falou da “falta de escala” e no atraso de Portugal em relação aos seus parceiros europeus nesta matéria, considerando que “este é um dos fatores mais determinante para acelerar o crescimento”.
A crise tem que ser o momento de viragem para refletir e rever o que está mal. É preciso deixar de adiar soluções. Este é o momento oportuno para um novo desígnio e uma nova ambição para todo o país”, disse o empresário.
Sobre o papel do Estado, Vasco de Mello salientou que “tem de ser parte da solução”, defendendo um Estado que “garanta um sistema judicial justo, eficiente e simples, que combata a burocracia e a complexidade desnecessária, que simplifica processos e garante a transparência, capaz de garantir a previsibilidade fiscal, rapidez e simplicidade na relação com cidadãos e empresas”.
A associação pretende fazer a “prova de conceito” da nova estrutura até 2022 com a definição dos grupos de trabalho e apresentação de propostas concretas para as diversas áreas e a partir daí admite alargar o leque de associados a outras empresas.