Desde segunda-feira que os boletins da Direção Geral de Saúde mostravam aquilo que o Governo agora assume. “Portugal encontra-se claramente na zona vermelha” da matriz de risco, afirmou Mariana Vieira da Silva no briefing que se seguiu ao conselho de ministros desta quinta-feira. Por isso mesmo, o país não avança no desconfinamento, explicou a ministra de Estado e da Presidência.

Os dados mais recentes dão conta de que Portugal está com uma incidência de 129 novos casos por cem mil habitantes a 14 dias (acima da linha vermelha dos 120) e o índice de transmissibilidade (Rt) é de 1,18 no continente (acima da linha vermelha do 1). Mariana Vieira da Silva considerou que esta é “uma situação que é complexa e que exige a atenção de todos”, até porque há outros indicadores — que não são contemplados na matriz — como os internamentos que, apesar de não terem pisado o risco, estão também em crescendo.

Medina ao lado de Marcelo Rebelo de Sousa. Autarca defende revisão da matriz de risco

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Apesar de vários apelos nesse sentido, como do Presidente da República e do autarca de Lisboa, para além de uma proposta concreta da Ordem dos Médicos, o Governo recusa alterar a matriz de risco que é composta pelos indicadores do índice de transmissibilidade (Rt) do vírus e da taxa de incidência de novos casos de Covid-19 por cem mil habitantes a 14 dias.

A que temos é “o melhor instrumento para este momento”, considerou a ministra Vieira da Silva. “Tem sido ao longo destes meses um importante instrumento para que quando um concelho está com uma incidência elevada sejam tomadas medidas.”

A matriz apresentada esta quinta-feira

Na sexta-feira passada, a matriz que ajuda o Governo a decidir se o território avança ou não no desconfinamento apontava para um Rt de 1,15 no continente e uma incidência de 100,2 casos por 100 mil habitantes.

“É inútil alterarmos a nossa matriz”, diz Costa

Também António Costa defende que não é altura de mexer nesta ferramenta, até porque a matriz de risco nacional se rege pelos mesmos critérios que os do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças.

“Muita gente em Portugal tem discutido a matriz. Tenho insistido em explicar que a matriz é a que adota o Centro Europeu de Controlo das Doenças, é inútil alterarmos a nossa matriz”, defendeu o primeiro-ministro António Costa, em declarações transmitidas pelas televisões.

Ouça aqui as declarações do primeiro-ministro

António Costa. Matriz de Risco não é “exclusiva de Portugal”