Pelo menos 59 pessoas infetadas com Covid-19 participaram em escaladas ao Everest este ano, alguns até atingiram o pico, de acordo com entrevistas e relatos feitos em redes sociais pelos próprios e pelas suas equipas. A conta é feita pelo New York Times que começa a história com o caso de Jangbu Sherpa, apontado como tendo sido, com probabilidade, a primeira pessoa a conquistar a montanha mais alta do mundo, no dia 11 de maio, depois de ter estado doente.

O Nepal é um dos países asiáticos mais afetados pela pandemia — e até origem da delta plus considerada ainda mais perigosa que a variante delta associada à Índia. Mas a procura por guias da comunidade Sherpa para conduzir expedições até aumentou devido a uma menor disponibilidade de profissionais experientes em condições de saúde. Jangbu Sherpa esteve hospitalizado em abril, mas em maio acabou por liderar a expedição, cujo cancelamento custaria aos organizadores milhares de dólares.

Apesar dos vários testemunhos de infetados com Covid-19 no Everest, o governo de Nepal nunca reconheceu a existência de infetados ou surtos no local. O departamento de turismo manteve esta posição, mesmo quando foram feitas evacuações aéreas de doentes e canceladas expedições — o que raramente acontece porque a sua organização envolve muito esforço, incluindo preparação física prévia, e recursos financeiros. Pneumonia e referências de que a tosse é muito comum no ar frio e seco da montanha, foram algumas explicações dadas.

Só depois de teminada a temporada das escaladas é que as agências organizadoras começaram a perceber o número crescente de infeções por Covid-19 sobretudo no acampamento base onde se mistura um maior número de montanhistas para se adaptarem aos efeitos da altitude no organismo antes de tentarem chegar ao topo.

Segundo o New York Times, as autoridades nepalesas têm fortes motivos para desvalorizar os casos de Covid-19 no Everest que esteve fechado a estas expedições internacionais nas primeiras vagas da pandemia em 2020. Em 2019, a indústria em redor da escalada e caminhadas na cadeia montanhosa terá gerado receitas de dois mil milhões de dólares.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR