A encarnar o Guardião Vermelho no novo filme “Viúva Negra”, o ator norte-americano David Harbour considera que as histórias fantasiosas do universo cinematográfico da Marvel oferecem um escape importante para as audiências da atualidade.
“Há um valor de entretenimento puro que é bom para a alma”, afirmou o ator, durante uma mesa-redonda em Los Angeles. “Vivemos num mundo muito literal e à medida que as coisas ficam mais caóticas precisamos de espaços assim. Tem um aspeto de fantasia, é como um sonho”.
David Harbour, conhecido do público pelo papel de xerife Hopper em “Stranger Things”, contracena com Scarlett Johansson (Natasha Romanoff), Florence Pugh (Yelena Belova) e Rachel Weisz (Melina) no novo filme da Marvel, que se estreia nos cinemas no dia 08 de julho e na plataforma de ‘streaming’ Disney+ em acesso ‘premium’ no dia seguinte.
“Uma das coisas interessantes do Guardião Vermelho é que ele cresceu na União Soviética, foi um produto de uma certa estrutura comunista e tem tatuagens de Lenine e Karl Marx”, explicou o ator sobre a sua personagem. “Existe nele um profundo ressentimento e competição com o Capitão América”.
David Harbour revelou que muitas cenas que se veem no filme foram improvisadas, fruto da conexão verdadeira que se gerou entre os protagonistas.
“Foi dos momentos mais divertidos da minha vida. Quando nos juntávamos havia uma magia entre nós”, afirmou. “Muito do que se vê no filme é improvisado. Foi glorioso, um resultado da química entre nós e do brilhantismo da realizadora Cate Shortland, que nos permitiu fazer isso num filme de centenas de milhões de dólares”.
Florence Pugh, noutra mesa-redonda, também falou dessa dose de improvisação que entrou em “Viúva Negra” e da ligação real que criou com Scarlett Johansson.
“Quando eu e a Scarlett nos conhecemos, tivemos uma ligação instantânea desde o primeiro ensaio. Tivemos de fazer exercícios de confiança e imediatamente começámos a gozar uma com a outra”, contou. “Eu estava a gozar com a pose dela e pusemos isso no filme. Houve muitas coisas que entraram naturalmente”.
Rachel Weisz referiu o mesmo: “Houve tanta improvisação que o maior desafio foi conseguir não rir”, disse, noutra mesa-redonda. “David Harbour é extremamente engraçado. A Melina não o acha engraçado, tem um sentido de humor zero, o que se calhar a torna a ela engraçada”.
As cenas entre os quatro protagonistas oscilam entre a tragédia e a comédia, algo que tempera a ação ruidosa do resto do filme.
Como Guardião Vermelho, ou Alexei Shostakov, David Harbour trabalhou em alternância os seus lados intensos e os engraçados, adotando um sotaque americano perfeito no início do filme e depois passando a um sotaque russo bastante fechado.
“Os sotaques são uma homenagem à realidade de que estas pessoas são russas. Não faz sentido literal, mas faz sentido que este homem, que tem uma energia muito russa, tenha sotaque. Rachel, Florence e eu adquirimos estes sotaques”, explicou o ator.
“Esta realidade requer uma suspensão da descrença. Teoricamente, estas pessoas falariam russo umas com as outras”, acrescentou, dizendo que usar o fato do Guardião Vermelho o fez sentir como um verdadeiro super-herói.
Centrando-se nos eventos ocorridos na vida da viúva negra dos Vingadores Natasha Romanoff entre “Guerra Civil” e “Guerra do Infinito”, este filme explora um passado que até agora era desconhecido e surge após a sua morte em “Endgame”.
Kevin Feige, presidente da Marvel Studios, afirmou numa conferência de imprensa que se seguiu às mesas-redondas que esta ideia de olhar para o passado faz sentido para outros heróis da Marvel.
O título foi filmado em 2019, mas a sua estreia foi adiada por causa da pandemia de covid-19 e o encerramento das salas de cinema. É o filme Marvel que se segue a “Os Vingadores: Endgame”, que se tornou o filme mais lucrativo de sempre nas bilheteiras quando saiu.