O Presidente norte-americano, Joe Biden, disse esta quinta-feira que a retirada das tropas norte-americanas no Afeganistão será “concluída em 31 de agosto”, e garantiu que os americanos “alcançaram seus objetivos” no país, de lutar contra a ameaça terrorista.

Os Estados Unidos não intervieram no Afeganistão há vinte anos “para construir uma nação”, o que é “responsabilidade” dos próprios afegãos, disse Joe Biden.

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Recordando ser o quarto presidente dos Estados Unidos desde que as tropas americanas entraram no Afeganistão há 20 anos, na sequência dos ataques de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, Biden disse recusar “passar essa responsabilidade a um quinto” chefe de Estado. “Penso que a nossa presença no Afeganistão deve estar centrada no motivo pelo qual fomos lá em primeiro lugar: garantir que o Afeganistão não sirva de base para atacar o nosso país novamente. É isso que temos. Alcançamos esse objetivo”, adiantou Biden.

“É hora de encerrar a guerra mais longa da América”, disse Biden, assegurando que os Estados Unidos “não irão precipitar-se a correr em direção à saída”, mas antes coordenar-se com o Governo afegão e aliados da NATO. Em vez de ser concluída até 1 de maio, como o ex-presidente Trump pretendia, a retirada irá iniciar-se naquela data, adiantou Biden.

A data de retirada total havia sido estabelecida em 2020 entre a Administração Trump e os talibãs, nos acordos de Doha, mas ao longo dos últimos meses a situação de segurança degradou-se no país, com múltiplos atentados terroristas.

Hoje, Biden dirigiu-se também aos talibãs pedindo que mantenham o “seu compromisso antiterrorista” e também ao Paquistão para que faça “mais” para ajudar o país. “Nós responsabilizaremos os talibãs pelo compromisso de não permitir que nenhum terrorista ameace os Estados Unidos ou os seus aliados em solo afegão”, disse o presidente americano.

O Presidente afegão, Ashraf Ghani, disse esta quarta-feira que falou com Biden sobre a retirada total dos soldados norte-americanos, garantindo que vai respeitar essa decisão e que as forças de segurança afegãs “são plenamente capazes de defender o seu povo e o seu país, o que vêm fazendo desde o início”. “Trabalharemos com os nossos parceiros americanos para garantir uma transição tranquila”, assegurou o Presidente afegão.

Já a Rússia reagiu com preocupação ao adiamento para setembro da retirada dos militares norte-americanos do Afeganistão, avisando que a decisão da administração Biden pode provocar uma escalada do conflito. “Isto levanta preocupações sobre uma possível escalada do conflito armado no Afeganistão que, por sua vez, pode minar os esforços para lançar negociações interafegãs”, disse a porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, em comunicado.

Após o anúncio de Biden, a NATO anunciou a sua decisão de iniciar até ao início de maio a retirada dos militares destacados no Afeganistão. “Os Aliados decidiram que começarão até 1 de maio a retirada das forças da missão Apoio Resoluto. Essa retirada será ordenada, coordenada e deliberada. Esperamos que a retirada de todas as forças dos Estados Unidos e da missão esteja concluída no espaço de meses”, disse a Aliança Atlântica, de que Portugal faz parte. Ao todo, a NATO tem cerca de 7.000 militares no Afeganistão.