“É muito mais rápido.” António Sá, de 71 anos, tomou esta quinta-feira a segunda dose da vacina contra a Covid-19. Desta vez, não precisou de sair do seu próprio carro nem arriscar ter de esperar em pé em longas filas. António foi um dos primeiros utentes do centro de vacinação em modelo drive-thru, instalado no Queimódromo do Porto, que já entrou em funcionamentoNeste espaço, há 12 filas de vacinação disponíveis, em dois modelos diferentes: 10 filas para quem vem de carro (drive-thru) e duas filas para quem vem a pé (walk-thru).

Logo à entrada do Queimódromo do Porto, uma placa indica que é ali que fica a vacinação contra a Covid-19, num centro que já estava pronto desde fevereiro, mas que só no final de junho é que teve luz verde do Governo e da task force para começar a funcionar. Cada uma das 12 filas de vacinação tem uma espécie de “semáforo” que indica a sua disponibilidade. À chegada ao primeiro posto, o utente preenche um formulário e segue em frente para o segundo posto, onde é administrada a vacina, sem sair do carro.

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“Pode parar aqui e ficar dentro do carro”; “Levante um bocadinho a manga da camisola, por favor.” As indicações dos profissionais de saúde vão-se ouvindo e, terminada a administração da vacina, é tempo de seguir para o recobro durante 30 minutos. Este é o único momento em que os utentes têm de sair do carro e ir para uma sala específica para aguardar durante meia hora. António Sá considerou o processo “confortável” e diferente do cenário que encontrou quando tomou a primeira dose da vacina, há dois meses, na Escola do Sol. Da mesma opinião é a sua mulher, Esménia Sá, que seguiu no lugar de trás do carro, também para ser vacinada.

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“Assim é mais confortável, de longe. Até porque estou mal do joelho. Aliás, ainda ontem estava indecisa se vinha ou não, mas preferi antecipar e que seja o que Deus quiser”, explica, acrescentando que foi contactada esta quarta-feira para antecipar a toma da vacina. “Quanto mais vacinas tomarmos, quanto mais todos nós andarmos para a frente com isto, menos contágio há”, sublinha ainda. Também António Cunha, outro utente vacinado esta quinta-feira, considerou todo o processo “muito rápido” e “menos confuso” do que o primeiro local onde tomou a primeira dose da vacina.

Este centro de vacinação em modelo drive-thru vai permitir a inoculação de duas mil pessoas por dia, ajudando a acelerar o ritmo de vacinação e a diminuir a pressão verificada nos outros dois centros de vacinação da cidade. Esta manhã foram vacinadas cerca de 20 pessoas, sendo que a partir desta quinta-feira a população poderá fazer o autoagendamento para a vacinação neste centro. Carlos Nunes, presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte, explicou que a partir do dia 14 de julho arranca a inoculação de quem recorreu ao autoagendamento, sendo que a capacidade inicial deverá ser de 500 inoculações por dia, aumentando progressivamente até às duas mil vacinas diárias.

Este projeto-piloto junta a Câmara Municipal do Porto, a Unilabs Portugal, o Centro Hospitalar Universitário de São João e a ARS Norte. À autarquia cabe a função de disponibilizar meios da Proteção Civil e da Polícia Municipal para apoiar a operacionalização do centro, bem como assegurar o transporte das vacinas de e para o Centro de Vacinação. “Este centro irá permitir, nesta fase em que há mais vacinas, atenuar a pressão que é conhecida noutros pontos de vacinação da cidade, bem como ter um processo seguro de vacinação em larga escala”, sublinhou Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto, na cerimónia que marcou o início de funcionamento deste drive-thru.

Precisamos de vacinar em força. Há vacinas disponíveis e temos de garantir o conforto para a população. Creio que temos aqui condições para fazer alguma coisa de diferente em Portugal. Não estamos a inventar nada, já se viu modelos destes fora de portas, mas às vezes copiar bem é uma forma de também fazermos as coisas bem”, acrescentou Rui Moreira.

A ARS vai assegurar a cedência das vacinas e o processo de gestão de inoculações diárias a administrar neste centro. Carlos Nunes, presidente da ARS Norte, sublinha que este “é um momento decisivo da pandemia”, em que há “um número muito grande vacinas disponíveis”. “Este projeto é também uma outra forma de aumentarmos a nossa capacidade de vacinação. Se houve alguma coisa que aprendemos ao longo deste ano e meio é que o combate à pandemia não se faz exclusivamente com profissionais de saúde, com apenas instituições de saúde, mas envolve toda a população”, acrescentou, sublinhando ainda a “urgência” da vacinação face ao aumento de casos que se tem verificado em toda a região Norte.

O Centro Hospitalar Universitário de São João é responsável pela consultoria no que se refere à vigilância clínica de reações adversas e outros aspetos organizacionais da operação e a Unilabs, por sua vez, assegura a logística, a organização de fluxo e os técnicos de vacinação presentes no espaço. “Vacinar, neste momento, é salvar vidas e é isso que estamos a tentar fazer e quantas mais vacinas conseguirmos dar aqui melhor. E se este modelo puder ser replicado, melhor”, terminou Luís Menezes, diretor da Unilabs. Com este novo espaço, o Porto conta agora com três centros de vacinação contra a Covid-19.