O pai de Johanna Cohen-Ganouna precisou de ser hospitalizado, em março, por uma fratura na anca. Devido a ser um doente imunodeprimido, foi colocado numa sala de pressão negativa para evitar o contágio por qualquer doença. Mas, apesar dos cuidados, alguns profissionais de saúde que tomaram conta do homem de 79 anos estavam infetados com Covid-19 e acabaram por lhe transmitir a doença. Fabien Cohen-Ganouna acabou mesmo por morrer pelas complicações associadas ao vírus e agora a família quer processar o primeiro-ministro francês, Jean Castex, pelo desleixo e pela falta de cuidados na unidade hospitalar.

“É um crime que os profissionais de saúde não sejam vacinados”, conta Johanna Cohen-Ganouna ao Le Parisien, defendendo que se “estivessem protegidos contra a doença” o seu pai estaria vivo. A indemnização, cujo valor ainda não é conhecido, serve para “honrar a memória” do pai da mulher de 39 anos e também para fazer justiça “a todas as famílias a que isto aconteceu”. “Espero que a vacinação passe a ser obrigatória para os profissionais de saúde que lidem com pacientes imunodeprimidos”, vinca.

Johanna Cohen-Ganouna revela ainda que não podia visitar o pai no hospital Albert-Chenevier (na cidade de Créteil, nos subúrbios de Paris), onde estava internado, devido ao perigo de transmitir alguma doença. No entanto, a mulher relata que foi aberta uma exceção nos “últimos dias de vida” do pai, conseguindo visitá-lo, mas viu que os “profissionais de saúde nem sequer utilizavam máscara”. “Eu tenho muita raiva daquilo que aconteceu”, desabafa.

O pedido de indemnização que a família decidiu lançar não se trata de encontrar quem foram os médicos ou enfermeiros que transmitiram a doença, mas sim de responsabilizar o governo francês — em particular o primeiro-ministro —, por não obrigar a que os profissionais de saúde sejam vacinados. O advogado que representa a família, Benjamin Fellous, diz ao jornal francês que o objetivo da indemnização é “fazer com que haja uma reação e uma resposta rápida a este problema”.

O tema da obrigatoriedade da vacinação a profissionais de saúde está a ser discutido pelas autoridades sanitárias francesas como sendo uma medida para enfrentar a variante Delta. Ainda assim, há alguns entraves legais relacionados que o governo francês ainda terá de resolver.

O advogado da família indica que “92% dos médicos estão vacinados, mas apenas 55% dos profissionais de saúde estão inoculados” — e aí incluem-se enfermeiros e auxiliares, que deverão ter transmitido o vírus a Fabien Cohen-Ganouna que também já tinha tomado duas doses da vacina contra a Covid-19.

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