A subida do nível do rio Meuse em Liège, no leste da Bélgica, obrigou esta quinta-feira as autoridades a aconselhar milhares de residentes nos bairros ribeirinhos a abandonarem as casas, caso seja possível, citando uma “situação de crise excecional“. O último balanço desta sexta-feira dá conta de 23 mortes no país (15 só na região de Verviers e Pepinster), avança o diário Le Soir, e de mais de 41 mil pessoas que estão sem eletricidade.

A situação é particularmente dramática na província de Liège com o número de mortes a aumentar nesta manhã de sexta-feira. “Estradas inteiras desapareceram devido à subida das águas e estamos a tentar  fazer o nosso melhor, embora não tenhamos material. O que é certo é que vai levar meses e anos para se recuperar tudo”, lamentou o autarca Fabien Beltran.

O mau tempo deixou mais de 21 mil pessoas sem eletricidade, segundo relata a operadora de distribuição Ores. “ As condições de acesso à rede de distribuição de energia elétrica são muito complicadas”, refere a empresa em comunicado citada pelo La Libre. “As equipas estão a trabalhar arduamente” para tentar resolver o problema, que tem dimensões maiores do que tinha sido inicialmente pensado. Cerca de 300 postos de distribuição estão inundados e “é impossível às equipas terem acesso a eles”, pode ler-se no comunicado no site.

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À Ores junta-se também outra empresa de fornecimento, a Resa, que já reportou 289 postos de distribuição inutilizados o que representa o corte no abastecimento de mais 20 mil habitantes, ascendendo assim a mais de 41 mil o número de pessoas sem energia.

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Além da distribuição de eletricidade, a mobilidade continua gravemente prejudicada em todas as províncias da Valónia. Alguns municípios também estão privados de água potável nas províncias de Liège, Namur e Brabante Valão.

O presidente francês Emmanuel Macron já expressou a sua solidariedade, através de uma mensagem do Twitter, para com os países afetados pelas cheias. “O meu pensamento está com as vítimas do mau tempo que atingiu duramente a Alemanha, Bélgica, Luxemburgo e Holanda. A França está unida nestas dificuldades. O nosso apoio já está implantado na Bélgica. Estará em todo o lado onde for útil.”, escreveu.

O alerta: “Pedimos, a quem pode, que saia da cidade”

O apelo durante o dia de quinta-feira foi claro: quem pudesse sair das suas casas, era aconselhado a fazê-lo. “Pedimos, a quem pode, que saia da cidade, especialmente a quem vive às margens do rio Meuse ”, disse a presidente da câmara, Christine Defraigne, como avançou o órgão de comunicação social belga RTBF.

“São aconselhados a deslocar-se para as partes altas de Liège. Se a evacuação já não for possível, recomenda-se aos cidadãos que não subam e não arrisquem“, especifica uma mensagem das autoridades transmitida pelos meios de comunicação durante a tarde. De acordo com as estimativas da região da Valónia, o nível da água poderia “subir 1,50 metros acima do nível atual” nas horas seguintes.

Mas, na “quinta-feira, centenas de pessoas ainda estavam presas dentro das suas próprias casas”, sublinhou o presidente da região da Valónia e antigo primeiro-ministro, Elio di Rupo. Valónia, região francófona no sul da Bélgica, tem sido particularmente afetada e continua, em parte, em estado de alerta de inundações.

O exército belga já disponibilizou helicópteros para socorrer as pessoas que se encontram em telhados na região de Pepinster (na província de Liège), estando a apoiar as equipas de busca e salvamento dos bombeiros e das forças da ordem.

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Liège, que tem cerca de 200.000 habitantes, é a quarta cidade mais populosa da Bélgica e os bairros afetados pelas evacuações são os de Coronmeuse, Saint-Léonard, Outremeuse e o centro da cidade.

“A enchente vai ter um caráter muito perigoso em Liège”, alertou esta quinta-feira o presidente da região da Valónia, o ex-primeiro-ministro Elio di Rupo, ao parlamento regional.

O Meuse, perto de Liège, é o recetáculo da grande maioria dos rios no sul e no leste da Bélgica. Esses rios, particularmente o Ourthe e o Vesdre, aumentaram o fluxo de forma significativa com as chuvas torrenciais dos últimos dias.

Os municípios ribeirinhos destes rios estão submersos desde quarta-feira, nas regiões de Liège e Verviers, em particular Theux, Pepinster e a estância termal de Spa. Grande parte da cidade de Angleur, na fronteira com Liège, nas margens do Ourthe, foi também inundada.

Milhares de pessoas podem ter que vir a ser realojadas pelas autoridades.