Pelo menos 103 pessoas morreram no oeste da Alemanha devido às fortes chuvas e inundações que estão a afetar a Europa central, segundo a atualização das autoridades alemãs esta sexta-feira de manhã. As região da Renânia do Norte-Vestafalia e a região vizinha da Renânia-Palatinado são das mais afetadas pelo desastre.

O balanço de vítimas pode vir a aumentar depois de um número indeterminado de pessoas ter morrido ou desaparecido após um grande deslizamento de terras, que derrubou vários edifícios na localidade de Erfstadt-Blessem, próxima de Colónia, indicaram fontes locais. “As casas cederam à força das águas e vários edifícios desmoronaram-se e acabaram por afundar-se nas águas”, lê-se numa declaração publicada na rede social Twitter da organização das comunas de Colónia.

Contam-se ainda cerca de 1.300 pessoas desaparecidas ou incontactáveis. Dezenas de pessoas ficaram sem casa e tiveram de ser socorridas, depois de as habitações terem colapsado devido ao temporal.

O número de corpos encontrados aumenta quase hora a hora”, indicou um responsável do Ministério do Interior de Renânia do Norte-Vestefália, citado pela agência noticiosa France-Presse (AFP).

Um dos lugares mais atingidos pelas cheias é o município de Schuld, no estado da Renânia-Palatinado, na região ocidental do país. A pequena cidade é banhada pelo rio Ahr, um afluente do importante rio Reno, que banha cidades como Düsseldorf, Colónia, Bonn ou Koblenz. A navegação foi suspensa no Reno. Várias casas colapsaram em Colónia e muitas pessoas estão desaparecidas.

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Em Schuld, a polícia relatou o colapso de seis casas e a morte de quatro pessoas. “Recebemos informação de que há muitas pessoas desaparecidas”, afirmou a polícia. O mau tempo sentido na Alemanha é já considerado uma das piores catástrofes naturais desde o pós-guerra.

“Neste momento, temos um número incerto de pessoas em telhados a precisar de ser resgatadas”, disse à Reuters um porta-voz da polícia da província alemã de Koblenz. “Em muitos lugares foram acionados os bombeiros e a proteção civil. Ainda não temos uma imagem muito precisa da situação porque as operações de resgate continuam.”

Entretanto, a polícia de Koblenz publicou um balanço provisório dando conta de 18 mortes na região.

Um pouco mais a norte, na cidade de Euskirchen, nos arredores de Bonn, a polícia relatou a morte de pelo menos oito pessoas na sequência das inundações — e os esforços de resgate estão a ser afetados pela quebra das ligações de internet.

Na origem das graves inundações está um sistema de baixas pressões que se está a mover lentamente sobre a região e que desde quarta-feira tem causado cheias de dimensão rara na Europa central. De acordo com os serviços meteorológicos alemães, a chuva intensa e contínua deverá manter-se no sudoeste da Alemanha até à noite de sexta-feira.

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Estas são as inundações mais devastadoras do século, piores do que as sofridas pelo leste do país em 2002, a afetam os Estados federais da Renânia do Norte-Vestefália, os mais populosos do país, assim como a vizinha Renânia-Palatinado. “Vivemos inundações de dimensões catastróficas. Somos uma região habituada a inundações, mas o que vivemos é uma catástrofe”, afirmou a líder regional da Renânia-Palatinado, a social-democrata Malu Dreyer.

O mau tempo está a afetar também a Bélgica, onde já foi registada pelo menos uma morte e um desaparecimento, o Luxemburgo e os Países Baixos. Nestes países já morreram mais de 15 pessoas.

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Na cidade belga de Liège, as autoridades temem que o rio possa inundar grande parte da zona urbana e a população já foi alertada para se proteger. Nos Países Baixos, as Forças Armadas já estão no terreno para improvisar diques e bloquear a passagem da água. Toda a região está sob estado de emergência.

Cerca de mil soldados alemães foram mobilizados para ajudar nas operações de resgate e limpeza das cidades e aldeias, que oferecem todas o mesmo espetáculo desolador: ruas e casas debaixo de água, carros virados, árvores arrancadas.

A chanceler alemã, Angela Merkel, garantiu esta quinta-feira “todo o apoio” aos afetados pelas devastadoras inundações que atingem o oeste do país e provocaram 59 mortes, enquanto dezenas de pessoas estão desaparecidas. Numa breve declaração aos meios de comunicação a partir de Washington D.C., onde chegou esta quinta-feira naquela que deve ser a última viagem aos Estados Unidos como chanceler, Merkel afirmou ter discutido o assunto com os ministros alemães das Finanças, Olaf Scholz, e do Interior, Horst Seehofer.

Falamos sobre ajudas na reconstrução a longo prazo, embora logicamente o objetivo prioritário agora é prestar ajuda imediata à população das regiões afetadas”, indicou Merkel.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, já veio garantir que os países afetados pelas cheias têm os mecanismo europeus à disposição. “Os meus pensamentos estão junto das famílias das vítimas das cheias devastadoras na Bélgica, Alemanha, Luxemburgo e Países Baixos e com aqueles que perderam as suas casas”, escreveu a líder europeia no Twitter. “A União Europeia está preparada para ajudar. Os países afetados podem acionar o Mecanismo Europeu de Proteção Civil.”

Suíça em alerta máximo

Na Suíça, as autoridades locais continuam em alerta máximo nas zonas que circundam os lagos de Biena, Thun e Quatro Cantões, que transbordaram várias vezes nos últimos dias, receando novas inundações face às persistentes chuvas registadas no último mês e meio.

O Presidente suíço, Guy Parmelin, visitou quinta-feira a cidade de Lucerna (nas margens do lago dos Quatro Cantões) e Biena para constatar, no terreno, a situação das inundações que deixaram submersas dezenas de residências, na maioria vivendas, sem que, porém, tenham sido registadas quaisquer vítimas mortais.

Segundo o centro hidrográfico suíço, os maiores lagos do país, como os de Constança (na fronteira com a Alemanha) e de Leman (junto a França), apresentam um “risco moderado” de cheias, havendo, porém, várias estradas de acesso cortadas ao trânsito.

Em toda a parte da Europa central afetada, espera-se que continue a chover, com o nível do rio alemão Reno e de vários dos seus afluentes a subir perigosamente.