Depois de um ano sem se realizar no seu formato presencial, com público, o MIL regressa em setembro de este ano. A organização do festival de música português, que aposta na apresentação, exposição e tentativa de internacionalização de artistas — levando a Lisboa programadores de salas e de festivais internacionais, tentando colocar em contacto artistas (nacionais e internacionais) com agentes e editoras — revelou esta sexta-feira o programa da próxima edição, agendada para os dias 15, 16 e 17 de setembro de 2021.

Uma das notas de maior destaque passa pela alteração do espaço de apresentação dos artistas em concerto. Se até à Covid-19 o festival MIL decorria ao vivo nas várias salas de espectáculos e clubes de música do Cais do Sodré, em setembro o MIL vai mudar a morada para o Hub Criativo do Beato, uma incubadora de startups e centro de produção e difusão artística há muito prometido mas ainda em construção.

Em comunicado enviado ao Observador, a organização do MIL explica a opção por alterar o local do festival: “Com as salas de programação de música do Cais do Sodré ainda sem poder funcionar este ano, o programa de 50 concertos e a convenção” muda-se para o “Hub Criativo do Beato”.

O cartaz de atuações já foi divulgado e segue as linhas orientadoras das primeiras edições do MIL, que procuravam apresentar (em concerto) artistas emergentes, nacionais e não só, ao público mas também a programadores de concertos e festivais, a agentes de artistas e a representantes de editoras de vários pontos do mundo.

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Entre os artistas nacionais que tentarão este ano no MIL uma oportunidade de internacionalização de carreira estão a luso-angolana Carla Prata, que recentemente entrou no radar da plataforma internacional de difusão de artistas Colors, o cantor e compositor Eu.Clides, que nasceu em Cabo Verde, cresceu em Portugal, já participou no Festival da Canção e editou este ano o seu primeiro EP (mini-álbum), e Tristany, rapper, cantor, compositor e músico que em 2020 editou o seu primeiro álbum, Meia Riba Kalxa.

O programa do MIL inclui ainda concertos de projetos nacionais como Cabrita, Fado Bicha, Gala Drop, Maria Reis, Yakuza e Marinho, entre outros.

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A organização destaca ainda os concertos de YNDI, “compositora franco-brasileira que conquistou o COLORS show com ‘Ailleurs’ e é tida como uma das grandes apostas do mercado de música francês para 2022”, Naima Bock, “baixista de Goat Girl que se inicia agora em nome próprio”,  Queralt Lahoz, “promessa da cena de música urbana espanhola que cruza o rap, flamenco, R&B e a copla”, Faux Real, “duo anti-rock que mistura o punk com a disco” e Kelma Duran, “produtor dominicano que está a preparar um novo trabalho para apresentar em Portugal”.

Ao longo dos três dias de concertos, o MIL vai ainda acolher atuações de Dino Brandão, Acácia Maior, A’mosi Just A Label, BabySolo33, Bia Maria, Club Makumba, Dame Area, Dianna Excel, Ellynora, Eugenia Post Meridiem, Global Charming, Ikram Bouloum.

A estes somam-se também os nomes Karel, Ladaniva, Los Sara Fontán, Hadi Zeidan, Herlander, Hun Hun, Murman Tsuladze, MØAA, MURAIS, Orange Dream, RAY, Roméo Poirier, Rosin de Palo, SecoSecoSeco, Silly, Stereoboy, Susobrino, Uma Chine, We Sea e YN.

No comunicado em que anuncia os detalhes da próxima edição do festival, a organização do MIL garante que para o programa de setembro estão previstas duas residências artísticas, juntando as espanholas Tarta Relena com os portugueses Lavoisier e o produtor português Pedro da Linha com o músico Álvaro Romero (do projeto RomeroMartin). Dessas residências, que está previsto durarem cinco dias, “resultarão dois espectáculos únicos apresentados ao vivo no festival”.

Tal como nos anos anteriores, aos concertos vão ainda somar-se masterclasses, keynotes, debates e workshops, nos quais serão debatidos “o futuro da música e da cultura”.

Para este ano um dos eixos do programa de debates passará pela premissa de que “o futuro da cultura é o futuro do ao vivo“, mas promete-se ainda “uma reflexão crítica sobre a transformação digital, onde serão abordadas as problemáticas como a soberania digital, as políticas do streaming, os direitos de autor, a crescente concentração levada a cabo pelas grandes empresas tecnológicas e as narrativas de resistência e de denúncia que neste espaço se desenvolvem”.

Será ainda sujeita a debate, no MIL, “a importância de proteger e preservar os setores da música ao vivo e de todos os seus intervenientes, seja através do desenho de políticas culturais, do desenvolvimento de políticas de ação afirmativa ou da aposta em circuitos e artistas locais”. A lista de oradores que vão debater estes temas no festival está ainda em desenvolvimento, podendo ser consultada aqui.

Os bilhetes já estão à venda no site oficial e têm custo variável: o bilhete PRO, que dá acesso aos concertos, à convenção e a base de dados profissionais para o estabelecimento de contactos no festival, custa 70 euros, ao passo que o bilhete exclusivo para os concertos durante os três dias custa 25 euros e o bilhete de estudante — que dá acesso aos concertos e à convenção — tem um custo de 35 euros.

Nota – Por lapso, uma versão anterior deste artigo identificava as datas do festival como 15, 16 e 17 de setembro de 2022, ao invés das datas corretas: os mesmos dias mas de este ano