O ministro do Planeamento disse esta sexta-feira que os fundos destinados a apoiar as empresas são mais do que os inscritos no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), referindo que também terão apoios dos fundos estruturais.
“Há críticas de que o PRR não responde a tudo. Pois não, nós não quisemos que fosse assim, contamos para isso com os apoios do PT2030”, disse Nelson de Souza numa conferência sobre o Plano de Recuperação e Resiliência, em Lisboa.
Segundo o governante, o PRR tem 16,6 mil milhões de euros, mas “os fundos estruturais têm 24 mil milhões de euros” e há apoios às empresas que virão desses fundos. “O que fizemos nos apoios às empresas foi perceber as prioridades neste momento e pegar nos 4,6 mil milhões de euros e pôr nessas prioridades”, afirmou o ministro, referindo que uma das prioridades é a capitalização das empresas.
O Expresso noticiou na semana passada que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, fez críticas ao Governo e ao PRR em encontros com empresários e com a direção da SEDES.
Já esta semana, o Presidente da República pediu, após a aprovação do plano português por Bruxelas, que a execução do PRR assegure “o máximo aproveitamento” dos fundos europeus, com “eficiência e transparência”.
Nelson de Souza fechou a conferência esta sexta-feira sobre o Plano de Recuperação e Resiliência organizada pelo jornal “online” Eco e pelo Novo Banco.
No primeiro painel estiveram presente a presidente executiva do Banco de Fomento, Beatriz Freitas, e o presidente executivo do Novo Banco, António Ramalho, que destacaram a importância do Banco de Fomento no apoio à economia.
Ambas as instituições foram alvo de notícias nos últimos dias a propósito da investigação criminal Cartão Vermelho (que tem Luís Filipe Vieira como arguido). O presidente do Novo Banco não quis falar aos jornalistas à margem da conferência.
Na segunda-feira, o Novo Banco anunciou que ordenou uma auditoria interna à conduta dos gestores e ex-gestores na sequência da operação Cartão Vermelho. O banco confirmou ainda ter sido alvo de buscas no dia 07 de julho, envolvendo vários departamentos, e que “alguns colaboradores do banco foram visados” nessas buscas.
Na operação Cartão Vermelho, Luís Filipe Vieira está indiciado por abuso de confiança, burla qualificada, falsificação de documentos, branqueamento de capitais, fraude fiscal e abuso de informação e encontra-se em detenção domiciliária até ao pagamento de uma caução de três milhões de euros.
O Ministério Público calcula que a atividade da Imosteps (empresa de Luís Filipe Vieira devedora do Novo Banco) causou perdas ao Novo Banco, compensadas depois pelo Fundo de Resolução.
Segundo a investigação, no esquema montado por Vieira para comprar a dívida da Imosteps, o ex-administrador do Novo Banco Vítor Fernandes passou-lhe informação privilegiada. Contudo, não é arguido nem lhe são apontados ilícitos.
Vítor Fernandes estava indicado pelo Governo para “chairman” do Banco de Fomento, mas a nomeação foi suspensa após esta polémica. O ex-administrador do Novo Banco é também presidente não executivo da empresa de pagamentos SIBS. A Lusa questionou se continuará no cargo, mas a SIBS não comenta.